quarta-feira, 31 de dezembro de 2003

Primeiro


Deitado na cama, com dor de cabeça, só de short, vendo os Engenheiros do Hawaii na MTV - assim foi o meu Reveillon. E o short nem branco era...


terça-feira, 30 de dezembro de 2003

Continuação


Na falta do que postar, eis a continuação do conto. Relembrando: um parágrafo para cada autor. Respectivamente: Ailton, Luísa, Rachel e eu fiz o último. Só não me resolvi quanto ao título, mas coloquei um provisório:

Traição

"Adeus, Rê. Eu te amo". A frase martelava na cabeça enquanto corria o mais rápido que podia. Mas tinha a impressão que estava em câmera lenta. O prédio dela ficava a apenas cinco quadras, mas parecia um caminho sem fim. Renè sabia que não era a melhor hora para ter acabado o namoro, mas também não esperava uma atitude dessas de Keila, que tinha se mostrado tão equilibrada durante toda a relação. Enquanto corria de pijamas pelas ruas desertas, a frase martelava.

E por que ela não tentara se explicar, não chorara, não implorara perdão? Só a despedida e aquela declaração de amor, limpa, crua, sem rebuço nenhum. Caminhando, Renè era dominado pelos mais absurdos pensamentos e justificações infundadas. Talvez pelo seu estado de perturbação, ou por ser tudo ainda tão recente, não conseguia lembrar-se com exatidão do que havia acontecido. As cenas passadas corriam-lhe e fugiam-lhe à memória, e não sabia se boa parte daquilo era invenção de sua cabeça. Precisava, antes de tudo, acalmar-se e pensar com clareza sobre o episódio.

Enfim, Renè chegara em casa. Olhou os móveis, a sala, o quarto, e a cama onde diversas vezes se entregaram à paixão a ao prazer. Tudo naquela casa lembrava sua amada e conviver com tais lembranças era muito difícil. Há dias que não se viam, mas o último adeus soou como um golpe em seu coração. E eis que não agüentando se ver perdido em pensamentos conflitantes, desceu o lance de escadas, que nem se lembrava como o tinha subido, e atravessou ruas movimentadas sem rumo definido. Sua vontade, porém, o chamava de volta à casa de Keila, naquela tarde chuvosa e acinzentada.

Já de longe, Renè percebeu uma movimentação no estacionamento do prédio. Ao aproximar-se, viu por entre as pessoas alguém deitado no chão. À medida que ia chegando mais perto do tal corpo, ouvia palavras como "pulou", "sétimo" e "morta", o que lhe fazia acelerar o passo, instintivamente. Não demorou para notar que aquela ali no chão era a Keila. De repente, tudo começou a tremer e o que era câmera lenta agora era um borrão a óleo. "Por que ninguém faz nada?", Renè repetia para si enquanto olhava para todos a volta, inertes. Imerso na náusea do total desconcerto, Renè reconheceu em meio aos curiosos a melhor amiga de Keila, a Emily. "Assim que você saiu daqui, ela me ligou. Disse que soube do que fizemos naquela festa", falou ela com uma feição entristecida, fitando o par esquerdo da sandália de Keila que se soltara na queda.


E um feliz 2004 para todos.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2003

Posts

Ultimamente só se tem visto baboseira por aqui, o que não é proposital. Minha aversão a viagens em minha psiquê aliada ao fato de eu não estar fazendo absolutamente nada tem ocasionado posts ridículos (como este), o que já deve estar cansando a paciência de muitos. Também não ando lá muito inspirado, o que só agrava o vazio. Talvez eu entre em 2004 com uma periodicidade diferente... Mas para não perder completamente o post, aqui vai mais um poeminha-tapa-buraco:

Tempestade de fogo

Incêndios alagam
Torrentes desterram
Enchentes que queimam
Aos brados de chamas
Inundam de brasas
Num banho de lava
De lama, de ventos
De sopro, de raiva
Faísca, fuligem
Em ventos selvagens
Poeira e cinzas
E brisas perenes
Suave fumaça
Molhada lembrança
Desliza no barro
Invade a casa
Afoga a certeza
Apaga o abrigo
Queimando promessas
Em plena desgraça
Que chega, não passa
Espeta o ímpeto
Na tempestade
De choro e chamas.


:::Mais correções: o filme que eu não vi é Melhor É Impossível.

domingo, 28 de dezembro de 2003

Show





"Maybe I'm Amazed At The Way You Love Me All The Time
Maybe I'm Afraid Of The Way I Love You
Maybe I'm Amazed At The The Way You Pulled Me Out Of Time
And Hung Me On A Line
Maybe I'm Amazed At The Way I Really Need You..."
(Paul McCartney)


Momento egotrip: acabo de concluir mais uma incursão pelas raias do webdesign amador. Quem quiser ver no que isso deu é só clicar aqui. Coisinha pra dar trabalho... Ah, perdi Melhor Impossível por causa de um show do dono desse baixo. Emoção 1 x 0 Razão...

CineKubrick

Como já é tradicional e de praxe, eis o vazio e sonolento post do domingo de manhã pós-cineclube. O filme da vez foi Lolita, a primeira versão, dirigida por Stanley Kubrick e com roteiro do próprio Vladimir Nabokov, autor do livro que inspirou a película (Aê Bruno!). Não é um filme fantástico, em alguns pontos até fica a dever ao remake, mas vale assim mesmo, tanto pela história e pela atuação de Peter Sellers. No mais, o fim da noite rendeu um pastel na feirinha, a promessa de pegar alguns bons cds emprestados (olha o vício) e um encontro totalmente inesperado com uma conhecida da net. "Que mundo pequeno!", diria a Gio, mas que fique claro que era só uma conhecida...

E no fim a gente nem comeu o Amendoim Doidera...

sábado, 27 de dezembro de 2003

OVNI

Essa chegou por e-mail:

"OVNIporto será inaugurado em março

04/ 12/ 2003 - O prefeito de Bocaiúva do Sul (PR), Élcio Berti, anunciou que o OVNIporto que está construindo na cidade será inaugurado em março de 2004. Esta semana Berti voltou a ser alvo de polêmica por ter declarado que sua cidade prefere receber extraterrestres a homossexuais. Em resposta, ativistas de movimentos gays e assemelhados prometem invadir Bocaiúva do Sul para protestar. Alguns grupos irão fantasiados como 'travestis ETs'. "

E ainda dizem que o Nordeste que é arcaico!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2003

Vícios

Eu nunca gostei de beber, e olhem que já provei de quase tudo. Apesar de pelo lado materno ter uma certa tradição alcoólica, o que já revelou loucos memoráveis, não me sinto com organismo para suportar os efeitos da bebida em excesso. Claro, existe um instinto primal, uma sensação familiar que surge apenas ao passar um copo a frente das narinas, uma espécie de reconhecimento - que é onde eu fico. Eu posso bebericar uma coisinha aqui, outra ali, mas nada que me faça perder o caminho de casa, longe disso. Como todos os vícios, o alcoolismo é algo que exige além da vocação e do dinheiro, um corpo forte, um organismo que agüente os trancos da substância exógena em suas ressacas, vômitos e demais acasos externos. Eu só sei que não tenho essa coragem toda ou esse desprendimento com minha já combalida parte material. Deve ser excesso de amor próprio.

Cigarro é outro que está fora de cogitação pra mim, assim como qualquer coisa que faça fumaça ou pareça com pó, poeira... Pode ser que no futuro eu me descubra um masoquista de marca maior e passe a utilizar o cigarro pra atiçar um parasita que vive dentro da minha cabeça, chamado Sinusite. Falando em vícios, me ocorre que no fim das contas todo mundo é ou vai ser um viciado em alguma coisa, não necessariamente em substâncias como álcool ou drogas. Há coisas palpáveis comprovadamente viciantes como jogo, sexo, indo até coisinhas mais inocentes como livros, televisão e música. E desse último vício, eu acho que já estou desenganado.

:::Corrigindo: a foto do post anterior é de autoria de Isabella, com dois L's.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

Imagem


"Ao acordar, se vê perdido."

Foto: Isabella - (d)Efeitos: Eu


Blog diário é isso: não é possível ter coisa relevante todos os dias.

terça-feira, 23 de dezembro de 2003

Diário

Percebi uma coisa interessante: dos blogs linkados aqui ao lado, 21 são de mulheres e apenas sete são de homens. Tal amostragem me suscitou algumas questões:

1) Diário é definitivamente coisa de menina?

2) Se for, é um sinal de evolução ou involução em relação aos meninos? Ou isso não sinaliza coisa alguma?

3) Se indicar evolução, será que há tão poucos homens sensíveis no mundo, já que esta é uma virtude inerente às mulheres, e por consequência o diferencial (o que as torna evoluidas)?

Eu só sei que as mulheres têm sempre mais a dizer que os homens, e assim sendo, são bem mais interessantes. Pelo menos eu acho que são.

Por isso que essas mulheres são demais! Se não fosse a Rachel eu não teria lembrado que já é Natal! Pois é gente, boa festas pra todos!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2003

Filmes


As vendas do comércio devem mesmo estar baixas, dada a quantidade de filmes com o Papai Noel que tem passado nesses últimos suspiros de 2003. Com títulos que oscilam entre "Um Papai Noel diferente" e "O Milagre do Natal", filmes sobre o bom velhinho já são clássicos da Sessão da Tarde, ao lado de fitas estreladas por colônias de férias, animais meigos e turminhas de colégio. Então, já que é para passar exaustivamente filmes natalinos, por que não passam "Rudolph, a rena do nariz vermelho"? Este sim é um verdadeiro filme de Natal, em animação de bonecos, bonito mesmo, não um tratado sobre a importância dos shoppings centers na vida da criança moderna.

Também estou sentindo falta das propagandas da Coca-Cola - "O Natal vem vindo, vem vindo o Natal..."


Documentário

Utilizando-me de comentários deixados em alguns blogs (6boca e Dentro do Coletivo) e num fotolog (Anninha's Fotolog), foi possível montar a seguinte trajetória:

6boca - 27 de Outubro
Bruno, tinha que vir aqui pra conhecer o famoso 6 boca. Você, o Aílton e a Raquel já são celebridades do mundo dos blogs :-) Hehehe Abraço.
- Anna

6boca - 28 de Outubro
Como diria Jack,"vamos por partes":1) Teus comentários fazem falta mesmo, por isso fique confortável para ser "wordy"/"palavrudo" lá no blog :-) ; 2) Disse para a Raquel e repito aqui que vc e o Aílton são umas figuraças! Deveriam estar na "rede Blogo"; 3) eu sou encalhada antiga tb ("momento coração partido" aqui: são dois anos só), mas a mais nova em idade;4) Raul Seixas é Deus :-) ; 5) Ahh...Respondendo: sou de Belém-Pará-Amazônia-Brasil-Planeta Terra.Beijinhos :-****
- Anna

6boca - 29 de Outubro
Realmente, uns conseguem ser crápulas, e outros conseguem ser pops. Não sei se "Bruno" combina entre "Tô com uma cólica desgraçada hj" ou "Acho q vou pintar meu cabelo". E meninas, não falem em encalhamentos...
- Luís

Dentro do Coletivo (Weblogger) - 29 de outubro
Li teu comentário lá no 6boca:): "E meninas, não falem em encalhamentos...". É só no que eu falo! Hehehehe. Tens que entender que para algumas de nós a vida romântica é um drama:-( :-( :-( :-( ( Pronto. Desabafei. :-) )
- Anna

Anninha's Fotolog - 30 de outubro
(...) Garanto que aqui vc encontraria um namorado. Tem luis e bosco, dá até pra escolher. hehehehe
- Ailton

Dentro do Coletivo (Weblogger) - 31 de outubro
Hahaahahahahahaaha ME PEGASTE, né? O Aílton ficou de me arrumar um namorado e escreveu lá no meu Fotolog que tinha amigos disponíveis: O Luís (é você, eu acho eheheh) e o Bosco. :-) Encalhada passa cada vergonha....Ô Deus!!!! Beijo!
- Anna

Dentro do Coletivo (Weblogger) - 31 de outubro
Mas até já me arrependi de desejar mal pra anninha, ó. Isto é, desejar que luis ou bosco a namorem.
- Ailton

Dentro do Coletivo (Weblogger) - 31 de outubro
Menino Aílton, costumo brincar que na minha situação não tem essa de "partido ruim" ( não que Bosco e Luís sejam partidos ruins, mas...enfim ) e até 1/2 homem já serve ( tô quase paquerando um baixinho de 1,40 Hahahaha ). De toda forma, valeu pelo empenho na campanha "Arrume um Namorado Bacana pra Anninha ainda em 2003". Olha, Luís, estás devidamente linkado lá no Reininho.
- Anna

E foi assim que eu ganhei um presente.

sábado, 20 de dezembro de 2003

Livros


De acordo com uma gramática: "nomes de lugares no feminino não exigem crase". Já o Professor Francelino diz no seu livro:

Se vim da... , vou à... - com crase. Se vim de... , vou a... - sem crase

Nem os livros se entendem mais.

O dia 20 não teve post em razão do post do dia 19, que não cabe num dia só.



sexta-feira, 19 de dezembro de 2003

"Se todos fossem iguais a você..."

Há quem tenha a realeza enraizada em cada mitocôndria do corpo mesmo na ausência de coroa ou de sobrenomes pomposos: Fernanda Montenegro, Paulo Autran, Malu Mader, Jacqueline Onassis (esta até que tinha sobrenome invejável, mas ela poderia dispensa-lo se quisesse e ainda assim nada mudaria). Mortais tornam-se súditos quando percebem o ar de encanto que tais criaturas exalam; trata-se de adesão espontânea, autônoma e imediata à condição de subordinado.

Doutra forma, há quem tenha a nobreza por acidente: Príncipe Charles. Quem imaginaria um príncipe falando de modess ou com aquelas orelhas "mickeymousianas"? Quem imaginaria um príncipe tratando mal uma mulher belíssima como Diana? Que os britânicos não me escutem, mas Charles nasceu para ser bobo da corte.

Há, ainda, quem se faça real por trauma, por recalque: Cromwell, contaram-me as aulas de História Inglesa, era tão tirânico quanto o monarca; eu criei um blog para ter a sensação de que mando em algum lugar.

Toda a idéia sobre reis e rainhas explanada ao norte serve apenas para aclarar a minha própria natureza: falar de si desta forma é mesmo sintomático e reconheço que sou uma rainha má no nível micro e no macro, sem grandes virtudes, sem nenhum heroísmo, preguiçosa, feia, não vejo duendes, não converso com passarinhos, não tenho sapatos de cristal, tenho uma tatuagem, não sei dançar ou cantar, sinto as bordas do corpo frias quando anoitece, durmo de olhos semi-abertos, acordo sem sorriso no rosto, sofro diariamente com sentimento de "incompletude" e liderei um movimento radical e plebeu chamado MR-16.

Entretanto, por ser uma rainha do avesso reconheço quem de fato é constituído de matéria mais altiva e bem acabada. Merece meu joelho curvado a rainha que adentra o coletivo e não identifica no balançar de cabeças causado pelos buracos da pista aliado à lei da inércia um movimento de cumprimento e cortejo a si - o mérito de enxergar o mundo além da circunscrição umbilical. Merece meu "plie" o suserano que se vê vassalo do rei e não senhor do seu menor - o mérito de se saber sempre miúdo. Merece minha saudação o Chefe de Estado que não tenta tornar-se aquilo que representa - o mérito de conhecer os males da personificação. Merece meu aplauso o Presidente que dispensa as mordomias do poder e age como cidadão comum - até porque só pisando como tal saberá onde doem os calos e haverá o mérito de entender o que é política.

Agradeço ao Lu que abriu as portas do busão, permitiu que eu passasse pela roleta sem nada pagar e ainda deixou que eu vendesse meus chicletes e fizesse meu sermão. Realmente me sinto como os pastores que ficam em praça pública lendo o Apocalipse, já que este escrito ficou imenso.

Luís e MInha irmãzinha aniversariante, rainha do tipo 1, são soberaNNos em cada ato, daquele tipo de criatura que parece sempre estar por um triz do que é divino, vivendo na linha fronteiriça entre o humano e o perfeito.

Não sei o que me conduziu a esta reflexão, mas... Este ano vai terminando e no próximo, novamente, a gente vai ter o direito-dever de escolher monarcas pra nossa cidade, para nossas assembléias. Pensemos em gente como LU e MI, nossos adoráveis soberanos do cotidiano, lembremos dos valores que estimamos nos nossos próximos.

Coroemos nossos reis não pelo sobrenome, pela legenda, pela linha hereditária, pelo tablóide, pela orelha, pela imposição publicitária ou financeira; por mais piegas que isto pareça, façamos o Reino da Verdade, façamos o Reino dos Interesses Limpos, façamos o Reino da Prestação de Contas, do Orçamento Claro, do Direito Respeitado, da Gentileza e da Moralidade. Façamos a diferença porque é Ano Novo.


ANO NOVO
Chico Buarque 1967 (mas parece que foi feita pra hoje)

O rei chegou
E já mandou tocar os sinos
Na cidade inteira
É pra cantar os hinos
Hastear bandeiras
E eu que sou menino
Muito obediente
Estava indiferente
Logo me comovo
Pra ficar contente
Porque é Ano Novo

Há muito tempo
Que essa minha gente
Vai vivendo a muque
É o mesmo batente
É o mesmo batuque
Já ficou descrente
É sempre o mesmo truque
E que já viu de pé
O mesmo velho ovo
Hoje fica contente
Porque é Ano Novo


A minha nega me pediu um vestido
Novo e colorido
Pra comemorar
Eu disse:
Finja que não está descalça
Dance alguma valsa
Quero ser seu par
E ao meu amigo que não vê mais graça
Todo ano que passa
Só lhe faz chorar
Eu disse:
Homem, tenha seu orgulho
Não faça barulho
O rei não vai gostar

E quem for cego veja de repente
Todo o azul da vida
Quem estiver doente
Saia na corrida
Quem tiver presente
Traga o mais vistoso
Quem tiver juízo
Fique bem ditoso
Quem tiver sorriso
Fique lá na frente
Pois vendo valente
E tão leal seu povo
O rei fica contente
Porque é Ano Novo


Escrito por ANNA CRUZ

quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

Picaretagem


"Revista AnaMaria" - Revista do Ano de 2003, vencedora do XXVIII Prêmio Abril de Jornalismo.

Nem sei o que dizer...


terça-feira, 16 de dezembro de 2003

Escuro


É estranho tomar banho no escuro. Digo você está embaixo do chuveiro, todo ensaboado e faltar energia. Passava das onze da noite. Para completar estava chovendo, e entrava um vento frio, e as nuvens brancas pelas frestas da janela... Fora o impasse: terminar ou não? E se ficar espuma em algum lugar? Bateu um incomodo quando lembrei de um dia de manhã que fui tomar banho e uma rã pulou na minha panturrilha. Mas decidi terminar normalmente. Depois tive que sair tateando em busca da roupa, pentear o cabelo sem espelho... Tudo isso é bem idiota, mas a experiência de cegueira parcial foi interessante.

"O povo contra Larry Flynt" é muito bom. E ainda tem a Courtney Love de cabelo preto, gateenha. "Come as you aaaaaaare... "



segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

Daylight


Não vou me aprofundar no fato de ter ficado mais de meia hora preso num engarrafamento, dentro de um ônibus embaixo de um viaduto. Só um detalhe: é incrível como todo aquele concreto e aquelas cerâmicas brancas podem ser enfadonhas. Ainda bem que vi um clipe dos Smiths depois. Salvou o dia.

I am human and I need to be loved
just like everybody else does

Só o Morrissey pra colocar isso numa música...


domingo, 14 de dezembro de 2003

Oito


Vamos lá, sem mais delongas: o conto a três já está no Prosesia. Abaixo, está o primeiro parágrafo do próximo texto, que terá mais uma integrante na sua composição.

Deitada de bruços, Rebeca estava linda como nunca. Ela tinha os ombros levemente salpicados por algumas sardas e os cabelos ruivos um pouco desgrenhados. A fraca luminosidade do quarto quase confundia sua pele uniforme e rosada com a colcha cor de iogurte que forrava a cama. Vestida apenas com uma calcinha vermelha e uma correntinha dourada no tornozelo, Rebeca jazia tranqüila sob o olhar lânguido de Christian, que estava encostado no lastro da porta, olhando-a de extremo a extremo como se assistisse ao jogo de tênis mais lento da História.


Buurrp


As nuvens gordas no céu, os pássaros se espreguiçando debaixo das telhas e eu chegando agora, depois do cineclube. É o já tradicional post do domingo de manhã, o que consegue ser o mais curto e o mais chato. Some beers e um pouco de papo comportamental deram o gostinho da noite (o cara do amendoim nem apareceu...). Para não perder tortalmente o espaço, já vou logo dizendo que o conto a três (disponível no blog de Ailton) foi um sucesso e que já existe outro sendo idealizado. Dessa vez eu farei o parágrafo inicial, que estará aqui nos próximos dias.

Essa semana vou ver se compro o disco arranhado da Blitz, só pelo instinto colecionador. Bom, é isso. Se me dão licença, vou dormir. Eu já devia era estar de olhos bem fechados...



sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

Desrespeito


1) Setenta Minutos. Este foi o tempo que passei numa fila de banco ontem. Teve até tumulto, um grupo de mulheres se estranhando já perto do caixa, nem deu pra saber o motivo da querela. O fato: dos nove terminais instalados, só quatro funcionavam.

2) "Feijoada do Abelardo: o encontro da sociedade paraibana" - vi isso num outdoor. Para quem não sabe, Abelardo Jurema é um jornalista responsável por uma coluna social num dos jornais daqui. Achei o cartaz meio violento... E quanto a gente, que não vai nem "ficar na porta estacionando os carros"? Quem não for não faz parte da sociedade paraibana? Infelizmente, não. De certa forma, quase todo mundo não faz parte da sociedade...

3) Fui na Música Urbana, uma loja que vende basicamente discos e cds de Rock. Enquanto dava minha costumeira olhada nos LPs, me deparei com o primeiro disco da Blitz. Na capa, assim meio no cantinho, havia algo como um selo, dizendo que o disco estava aprovado pelo orgão responsável pela filtragem ideológica dos produtos culturais da época (não me recordo da sigla). Lembremos que este disco da Blitz foi o disco inaugural do chamado "Rock Nacional", lançado no início dos anos 80, ainda em meio a Ditadura Militar. Olhei o verso da capa do LP e notei na lista das músicas que sobre os títulos das duas últimas faixas havia uma tarja vermelha. Ao lado, uma advertência dizendo algo do tipo: "As duas últimas faixas deste LP foram inutilizadas propositadamente por não se enquadrarem nos padrões do departamento tal." Foi arrepiante ver o LP com as faixas riscadas. Mas não eram só riscos, eram arranhões profundos, em zigue-zague, feitos de um jeito que impossibilitam totalmente as faixas serem tocadas. Me senti com uma relíquia nas mãos. Uma relíquia maldita, é verdade, herança de uma época estranha...

"Eu que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida devagar pra não faltar amor." (Marcelo Camelo)


Fusão


Primeiro foi a musesia, um poema que está sendo feito a quatro mãos e que já foi citado post "Tendências", do dia 10. Depois foi o DEZESSEÍSMO, um movimento que culminou com o primeiro blog parasita de outro na história da Internet. Não cansando de novidades, um conto a três está em fase de conclusão nos arredores bloguísticos, o qual também foi falado no mesmo post da musesia.

A inovação da vez chama-se Dentro do Reino.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

Tribos


Uma das melhores coisas que existem na Universidade é a capacidade de você poder passear pelas mais diversas tribos que coabitam pelo mundo, e nem sempre se toleram.

Eu, com uma relativa vivência na instituição, já me vi nesses cinco anos em rodas (no bom sentido) de mauricinhos, metaleiros, clubbers, militantes políticos, patricinhas, nerds, rpgistas, alternativos... Claro que se tratam de estereótipos, com distorções e amálgamas entre os grupos, mas é que realmente existem uns exemplares que justificam tais mitos.

Sempre fui nerd. Me considerava o representante local do Charlie Brown, vibrava com o Bizonho, amigo do Puff, mas nem por isso nunca fui CDF - o que já é uma mutação. Não uso óculos nem tenho aparelho no dente de teimoso, o que só iam complementar a imagem, e logo nesse mundo onde imagem é tudo...

Mas independente dos rótulos, o que acho importante mesmo nisso tudo são as informações que você pode captar nas mais diversas formas de expressão que nos rodeiam, e logo nós, futuros jornalistas e pretensos comunicólogos, temos que estar os mais "antenados" possíveis com os dizeres desse mundo, para que de alguma forma, embora utópica talvez, amenizemos os preconceitos e as distâncias.

Perdoem a chatice tipicamente nerd do post, mas é que blog diário tem dessas coisas mesmo. Está começando a ficar difícil, viu aMIga?


terça-feira, 9 de dezembro de 2003

Tendências


Não é a toa que sempre se associa Internet à Liberdade, que assim como no mundo real pode ser entendida como anarquia, quebra de regras, inversão de valores, etc. Uma vez eu vi uma matéria com o escritor Mario Prata, em que ele falava de um livro que estava escrevendo às vistas de todos, disponibilizando num site um capítulo por vez. Lá, ele também tinha uma espécie de diário, paralelo ao livro, e um espaço para os comentários dos leitores que estavam acompanhando (e dando pitaco) no processo.

Tal tendência pode significar uma heresia para alguns autores mais ortodoxos, cujo o ato criativo deva se dar em meio à um recolhimento, sob uma forte disciplina e sem nínguém metendo o bedelho. João Gilberto que o diga.

Há algumas semanas tenho sido testemunha de uma experiência que até agora tem me parecido bem sucedida: se trata de uma poesia a quatro mãos. Os autores, Luísa e Ailton, lançam nos comments dos blogs um verso cada um até formarem as estrofes. Ainda em fase de construção, a poesia (ou musesia, como tem se chamado, devido ao ímpeto criativo do mesmo Ailton em musicar as estrofes) está disponivel no blog da Luísa, no post do dia 02 de dezembro.

Semana passada fui convidado pela Luísa a participar de outra empreitada do gênero: agora seria um conto a três. Ela postou a primeira parte do texto no seu blog no dia 04 de dezembro e agora trago-vos (olha a ênclise!) a continuação. O fechamento ficará por conta de Ailton:

Eis que lembro do trauma: foi no meu antigo Colégio Santa Marta. Uma trupe de palhaços visitou o colégio e como parte de um dos números distribuiu vários apitos para os garotos. Até hoje não sei por que justo eu fui o único que não pegou um daqueles. Rapidamente virei alvo de escárnio. Palhaços riam, professoras me lançavam olhares desdenhosos e o colégio inteiro apitava a minha volta em uníssono. Tentei fugir da galhofa me escondendo no banheiro, tendo ainda alguns mais insistentes apitando junto à porta. Fiquei lá por horas, tapando os ouvidos, trêmulo. Durante os anos após esse episódio, aquela freqüência do som dos apitos tem me gerado sobressaltos por onde quer que fosse, e só agora percebo que minha crescente aversão aos celulares tem esse trauma como pano de fundo. Sempre que um deles toca próximo a mim é como se me trouxesse de volta por um segundo a infeliz ocasião da infância, num espamo de pânico repentino. E esse "segundo" está ficando cada vez maior. Não sei se saber disso tudo me ajudará em algo.


Eu não quis editar o post anterior, mas reparo agora a injustiça:



08 de dezembro de 1980. O dia em que o sonho acabou.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2003

Musicando


1) Eu não suporto mais ver esses cantores, duplas e grupinhos receberem nesses programas de TV discos de ouro, platina, platina duplo e diamante. Pura mentira! Puro jabá! Ninguém vende tanto cd num país com um poder aquisitivo tão baixo! A não ser que eles também estejam contando os piratas ou tenha gente comprando cds repetidos. Mas eu só sei que isso tudo é muito nojento. Eu só penso que eles querem forçar nas pessoas o pensamento de que um milhão de pessoas não podem estar erradas, e que o cd é bom mesmo, ao dizerem que o tal artista atingiu aquela marca de vendas. É como quando inventam que um cara é gay, ou que outro é culto ou que uma moça é bonita, só para atender a uma demanda comecial, mesmo eles não sendo nada disso. Às vezes a mídia fede.

2) Do encontro entre a musa do pop Madonna e a rainha teen Britney Spears saiu Me Against The Music, além de alguns selinhos, é claro. Confesso que gosto da Madonna, das primeiras músicas, da sua atitude ao longo dos anos e do fato de ser uma performer completa (apesar dos fiascos no cinema). Mas só que esse encontro decepcionou. Visualmente, tem um resultado legal (como naquele dia em quem He-Man lutou lado-a-lado com She-Ra), mas quanto a música... O título já diz tudo: Eu contra a música.


domingo, 7 de dezembro de 2003

Cineclubando


Não tinha como ter sido melhor! Numa tacada só, consegui escapar de um culto que houve aqui na vizinha (com direito a carro de som) e fui ver Ligações Perigosas, que por sinal é ótimo. Não que eu seja anti-religiões, mas é que eu acho uma puta falta de civilidade você por duas horas não permitir que os vizinhos mais próximos leiam, vejam TV, escutem algo ou conversem dentro de suas casas por conta do barulho (desnecessário?) criado na tal reunião. Bom, o que importa é que, além de ter posto as conversas em dia, vi o filme e pronto: foi muito bom.

Vou dormir agora. Quase que não postava isso, mas já é algo que foge ao meu controle.



sexta-feira, 5 de dezembro de 2003

Celebridade


Praça da Alegria, UFPB. Sexta-feira, por volta de onze e meia da manhã. Numa mesa:

- Oh, eu sou doida pra saber quem é esse Bruno que vocês tanto falam...

- Bruno? Que Bruno? - Indagou uma que estava distante do grupo.

- Bruno, Bruno. Um Bruno que é amigo de Hélber.

- É Bruno Laranjinha. - Falou uma terceira, que estava na mesa.

- Ah, Bruno de Comunicação? - Manifestou-se a que estava longe, e completou: - É Bruno Bocó! Sei quem é! Bruno Bocó...


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E na porta da geladeira...

Isabela: Não lembrei de você na livraria porque não vi nenhum livro que me remetesse a sua pessoa (também não ia inventar). Eu não vi porque talvez eu não deva ter passado na prateleira de Comunicação ("O fósforo é o fogo virtual" - Eu não esqueci disso...)

Bruno: Não me decepcione. Ailton... "As mentiras que os homens contam"... Mas eu reconheço que não foi um trocadilho dos melhores.

Anna: Vi tua foto que veio pelo correio, vi tua letra, teu endereço...


quarta-feira, 3 de dezembro de 2003

Remendo

Não discorrerei sobre a coisa mais excitante que fiz ontem, que foi arrumar o meu guarda-roupas. Me vem agora um lema: "Se for para manter a periodicidade, que seja com dignidade." Aqui está um poemísculo, um poemóide, um poemúnculo que me distraiu esses dias:

Milagreira

Me largo
e no teu peito,
Me entrego.
Esqueço que existo.
E em seu favor, sem jeito,
me nego:
Como Pedro fez com Cristo

A ti clamo
que não me deixes:
seja a Santa.
Me envolvas com o andor!
Fica como espinha de peixe
Na garganta:
Presente e pontiaguda como o amor...

terça-feira, 2 de dezembro de 2003

Ainda


Coincidência é isso: ontem, após postar o texto sobre os Metrossexuais, recebi um email que se relaciona diretamente com o assunto do referido post. Segundo o email, uma revista feminina realizou em julho de 2001 um seminário que tinha dentre seus objetivos, saber o que as mulheres preferem e abominam num homem. Como foram muitas as conclusões e sugestões surgidas do encontro, optei em destacar aqui os tópicos do email que têm um carater mais prático e palpável (entendam como quiser...):

- Cheiro bom de homem é... de homem. Um perfume cítrico e aquele cheiro de banho tomado tb são ótimos. Mas evite extravagâncias.

- Não se atreva a esmaltar suas unhas ou tirar as cutículas. Corte-as, apenas. E, em ocasiões especiais, crave-as em nossas bundas.

- Se você tem calos na palma da mão, cultive-os (temos sugestões edificantes a respeito). São úteis para que gritemos na sua cara: - "Vem, Meu estivador, mostra quem manda aqui!!".

- Admitimos que você tenha barriga, mas não que você seja uma enorme barriga.

- Pêlos no peito, não muitos. Em orifícios visíveis, como orelhas e nariz, pedimos clemência e tesourinha sem ponta.

- Máscaras de creme no rosto, só se você sofrer de micose ou for palhaço de circo.

- Homens com músculos definidos nos parecem másculos. Homens musculosos demais nos parecem indefinidos.

- Não se depile, a menos que: a) a sua mulher peça; b) você seja nadador; c) você seja masoquista.

- Se você for meio esculhambado, usar meia amarela, cueca furada, botina velha e camisa amarrotada, seja ao menos um tipo sensível: saiba poemas de cor ou faça o tipo "cineasta atormentado".

- Definitivamente e unanimimente, escolhemos os homens com mais de 35 Anos, pois são os que sabem o que e como fazer; senão é preferível um vibrador, que não tem ejaculação precoce, nem pressa de acabar.

Este post é dedicado a todas as mulheres que já passaram por este blog. Nada mais justo do que uma homenagem a elas, que compõem a maior parte dos meus espectadores. Afora todo o clima de brincadeira que impera, deixo expresso aqui o meu sincero respeito à inteligência e à sensibilidade de todas as mulheres que conheci e com quem eu tive o prazer de conviver em 2003.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2003

METROquê?

Domingo li num jornal que um novo fenômeno comportamental está rodando o mundo: o surgimento dos Metrossexuais. O nome soa é estranho, parece que é mais uma categoria no "mercado" segmentado que a sexualidade se tornou, mas não é. Se trata de uma classe de homens que assumiu a vaidade, passando a se preocupar com a estética do próprio corpo. Se vestem muito bem, fazem unhas, lipoaspiração, depilação e usam de toda a infinidade de creminhos pra pele que possa existir. Como baluarte dessa nova tendência está o jogador, e agora, Sir David "Posh Spice" Beckham.

E não é só no aspecto físico que os homens tem contrariado o mito do "machão". No nível comportamental, os homens também têm buscando uma "suavidade", uma sensibilidade diferente... Quem viu o Big Brother pôde ver o Thirso (não sei se é assim que se escreve) se derretendo pela Manuela, discutindo todos os dias todas as nuances daquele relacionamento que teimava em não começar. Se meu avô visse aquilo, diria: "Pega logo essa cabrita com força, rapaz!".

Temos um exemplo dessa retomada da ternura aqui bem perto de nós, há um link de distância, no blog de Ailton. Num grande ato de desnudamento, ele expõe o quanto pode ser mal interpretado o fato de um homem demonstrar uma sensibilidade mais aflorada. Grande Ailton!

Mas voltando aos Metrossexuais, quando li a tal matéria, a primeira coisa que me veio à cabeça foi: isso não passa de uma tendência localizada, relegada aos grandes centros, e que a mídia tenta massificar em prol de interesses comerciais implícitos e blábláblá...

Hoje na universidade eu estava numa mesa com mais quatro caras. Ao longe, quem visse imaginaria que só poderíamos estar falando de 3 assuntos: 1) Mulher, 2) Futebol ou 3) Mulher. À seguir, algumas pérolas colhidas da conversa dos mancebos:

- Ah, eu só uso o condicionador X.

- Eu tenho que usar shampoo pra cabelos secos, porquê meu cabelo já é muito oleoso...

- Depois que eu raspei a cabeça, tenho que pôr protetor solar senão me queimo todo...

Eu estava errado. É possível ser cosmopolita sem sair da Paraíba.

Morada

Quando os homens chegaram , encontraram Dona Lourdes na cozinha, sentada à mesa. A idosa olhava para o quintal, indiferente às grossas rach...