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domingo, 15 de maio de 2011

Cinco discos pra entender o Power Pop

A conta é simples: pegue o pop dos Beatles e/ou Beach Boys, mais as jangly guitars dos Byrds e o peso do The Who – eis a fórmula básica do Power Pop. Dependendo do gosto, pode ser que haja mais de um elemento ou de outro, mas no geral é isso aí. Estranhamente, mesmo tratando de temas amenos, a trajetória do Power Pop parece ser marcada pelo destino trágico de alguns de seus maiores expoentes (os suicídios de Peter Ham e Tom Evans, do Badfinger, e o acidente fatal de Chris Bell do Big Star). É certo que o Power Pop nunca esteve nem perto dos holofotes, mas ainda assim ao longo do tempo ele tem conseguido conquistar muito mais do que simples fãs – são verdadeiros cultuadores.

“Straight Up” (1971) – Badfinger

O Badfinger foi forjado na Apple Records, a gravadora dos Beatles, uma das maiores usinas de música pop da história (talvez perdendo só para americana Motown). Com a produção de George Harrison, o disco trás desde canções com um punch mais rocker (Baby Blue, Sometimes) até baladas perfeitas (The Name of the Game, It’s Over), provas de que o Badfinger entendeu bem as lições dos heróis dos anos 60. (Aqui)

“#1 Record” (1972) – Big Star

Patronos do Power Pop ao lado do Badfinger, o Big Star tinha uma linha mais próxima ao folk e ao country, mas sem desprezar o que de melhor saíra da ilha da Rainha. Interpretações emocionadas marcam esse disco que se tornaria um dos mais influentes nas décadas seguintes, fundamental para o REM, Replacements, Tom Petty e pra quase todo college rock do início da década de 80. (Aqui)

“20/20” (1979) – 20/20

O nome já entrega: 20/20 é o nome de um disco dos Beach Boys. Mas aqui não há nada muito ensolarado, apesar das ótimas vocalizações e dos refrões grudentos. O 20/20 faz parte de uma leva de bandas que atualizou o Power Pop à realidade da New Wave, que já rolava por aquela época. The Shoes, The Records e The Knack também se encaixam nesse pessoal. (Aqui)

“Girlfriend” (1991) - Matthew Sweet

Matthew Sweet talvez seja um dos maiores entusiastas do legado de Chris Bell do Big Star, mas suas influências não se restringem a ele. Com um pé no rock alternativo, que emergiria com força inédita nos anos 90, e o pensamento em Neil Young (herói daquela geração, um grunge avant la lettre), Sweet se tornaria um nomes mais respeitados do Power Pop, e ao lado dos Posies e do Teenage Fanclub, seria um dos grandes representantes do estilo naquela década. (Aqui)

“The Alternative to Love” (2005) - Brendan Benson

Muita gente passou a conhecer Brendan Benson após sua parceria com Jack White nos Raconteurs, mas das suas produções o que merece destaque mesmo é seu trabalho solo. Benson não tem limites, é aberto o bastante para envolver de Paul McCartney a The Cars, de REM a The Who, se revelando um dos compositores mais inspirados da nova geração. Em sua ainda curta discografia, Brendan Benson já pode se dar ao luxo de ter alguns discos no mínimo imperdíveis. (Aqui)

domingo, 4 de julho de 2010

35 anos com corpinho de 18

Banda: Pink Floyd
Album: Wish You Were Here
Lançamento: 1975

Com Dark Side Of The Moon (1973), o Pink Floyd deixava de ser uma banda do circuito alternativo, underground, para ter singles disputados, despontar nas paradas e tocar em estádios. Após a saída de Syd Barret, a força-motriz do grupo nos seus primeiros anos, a ausência de uma direção criativa levou a banda a um estágio crítico. Mas o invés da derrocada completa, Roger Waters e companhia conseguiram inverter o jogo com um disco que se tornaria um dos mais vendidos de todos os tempos. O Floyd foi literalmente do nada ao topo em questão de meses, e uma mudança dessa envergadura mexe com a cabeça de qualquer um, distorce percepções, e só causa mais ansiedade.

Foi com esse espírito que os quatro se reuniram para saber o que fariam das suas vidas após a aclamação de público e crítica que foi Dark Side Of The Moon. A visita de um irreconhecível Syd, gordo e careca, e os meandros nem tão açucarados do jet set, da badalação, acabaram lhes levando a discorrer sobre a trajetória da banda até ali. Foi dessa crônica sobre o sentido do sucesso, sob um ponto de vista profundamente desolador, que surgiu Wish You Were Here (1975).

Para isso se utilizaram de uma longa suíte (“Shine On Your Crazy Diamond”, o mote do disco), separada no meio por três pequenas cancionetas, a exemplo de Meddle (1971). Dito assim pode parecer que o Pink Floyd compartilhava das veleidades neo-classisistas de Rick Wakeman, ou tinha algum pendor erudito como o ELP. Longe disso. Afora as passagens mais extensas e os sintetizadores, o Pink Floyd quase não tinha tanto em comum com seus contemporâneos progressivos. Sem perder tempo com adornos inextricáveis, o foco deles continuava sendo as melodias, os refrões. Tanto que a canção-título do disco, radiofônica, se tornou um standart moderno, ganhando versões até hoje. Que outra banda progressiva conseguiu feito semelhante?

Wish You Were Here ao mesmo tempo que ratificava a presença do Pink Floyd entre as maiores bandas do planeta, significou o fim de mais uma fase na carreira deles, marcada pela boa convivência entre os talentos dos quatro no grupo. A partir do trabalho seguinte, Animals (1977), tudo começaria a girar em torno da megalomania de Roger Waters, e não por acaso, tanto o Floyd como o todo rock progressivo começariam a perder relevância por essa época.

- Shine On

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ava(teca)tar

Semana passada eu fui mais um a engrossar as cifras surreais de Avatar, que já ocupa com folga o posto de maior fenômeno cinematográfico de todos os tempos. Maior fenômeno, claro, do ponto de vista econômico e talvez tecnológico. Como é a economia que dita nossos destinos e a tecnologia já virou parte da cultura, é obvio que os louros de Avatar seriam medidos por esses referenciais. Linguagem, estética, russos, isso é coisa pra cineclubista e curta-metragem.

Mas não que o chamado cinema pipoca (do qual Avatar é produto) seja totalmente despido de intenção artística. Coppola, George Lucas, Spielberg, Zemeckis e Peter Jackson já conseguiram atingir o mainstream de forma inteligente e impactante, sem apelarem pro ritmo água com açúcar dos contos de fada hi-tech do senhor James Cameron. Chega a bater um gostinho de enganação quando você se dá conta da ênfase que ele dá aos efeitos especiais, o que acaba jogando enredo, trilha, e tudo o mais pra segundo plano. No fim das contas, seus filmes acabam virando uma festa pros olhos e um anestésico pra cabeça, o que geralmente redunda em sucesso de público. Das outras vezes em que impressionou o mundo (Exterminador do Futuro II e Titanic), o estardalhaço veio mesmo através das inovações tecnológicas, que só mascaram a superficialidade da história e das atuações.

Entretanto, isso não lhe impediu de amealhar vários Oscars, e com Avatar não vai ser diferente. Tecnicamente ele é mesmo muito bom, merece todas as honras e é bastante superior a tudo o que Cameron já fez. Finalmente tipos humanóides feitos em computação gráfica me convenceram, e isso eu considero um avanço. Mas Avatar também foi além dos seus predecessores por ter gerado hype tanto na produção como na exibição, que ocorre justamente no momento em que o 3D emerge como a “salvação do cinema.” E para alinhar o filme ainda mais ao zeitgeist, Cameron coloca uma mensagem ecológica num filme que é mais um daqueles com spoiler embutido. Ou seja, dissecando Avatar (orçamento milionário + história manjada + problemática atual), dá pra chegar a uma conclusão: James Cameron é a Glória Perez de Hollywood.

Numa cultura estrangeira e exótica, o amor mostra a sua força.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O crepúsculo dos deuses

Led Zeppelin - Physical Graffiti
Banda: Led Zeppelin
Álbum: Physical Graffiti

Lançamento: 1975

Em meados de 1975, o Punk ainda não havia sido formalmente apresentado ao mundo, mas a aceitação que o Glam distorcido dos New York Dolls obtinha já denotava que os tempos estavam mudando – de novo. Numa outra ponta, a música disco tomava o lugar do Soft Rock (Carpenters, Bread) como o grande gênero popular, incentivado pela onda das danceterias alimentadas pelo som mecânico dos LPs. No meio disso tudo, o Rock Progressivo e o Hard Rock davam o seu último impulso antes da derrocada completa, anos depois. O período áureo terminava para as bandas que haviam destruído os ideais dos anos 60 e instaurado novas regras. Entre elas estava o Led Zeppelin.

Physical Graffitti (1975) é o segundo disco da fase pé no chão do Led. Naqueles anos, todo o excesso e a afetação que marcariam o Hard Rock e o Rock Progressivo já começavam a ser questionados. Foi em meio a este cenário distante do espírito woodstockiano que o Led fez um disco quase minimalista, para os seus padrões. Ainda era pesado, mas sem ser sujo, e agora tinha espaço para brincadeiras, seja com timbres mais suaves e formas mais elaboradas (influência progressiva). Physical Graffitti não era tão visceral quanto os trabalhos iniciais, mas mostrou que o Led Zeppelin não se limitava a emular riffs de blues antigos. Eles também sabiam tocar em baixo volume, e agora permitiam lacunas numa massa sonora que sempre pareceu impenetrável.

Da mesma forma de que quem não ouviu o White Album não pode dizer que conhece os Beatles, e quem não ouviu os discos de Ronnie Von a partir de 69 não pode falar muito dele, Physical Graffitti é o disco
fundamental para saber do que o Led Zeppelin era capaz, embora ele siga como um dos álbuns mais neglicenciados da banda. Em nenhum outro momento eles alargaram tanto os próprios horizontes, chegando quase a atentar contra o próprio legado que, àquelas alturas, já era visto como mítico. Physical Graffitti foi seguramente o último grande disco deles, fruto de um período menos festejado da banda, mas ainda assim, impressionante.

- Se liga.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Estreando: dicas musicais*

Nirvana - Bleach (Deluxe Edition 2009)

Banda: Nirvana

CD: Bleach
Lançamento: 1989


O Shocking Blue foi uma banda holandesa formada em meados dos anos 60 que fez um relativo sucesso na Europa. Liderada pela bela Mariska Veres, a banda teve um grande hit internacional (“Venus”) que hoje é presença certa em qualquer coletânea do tipo “Hits Again”. Quis o destino (?) que uma de suas músicas fosse regravada às portas dos anos 90. Mas quem, a essas alturas, cometeria a sandice de desencavar algo tão obscuro? O Nirvana foi capaz.


Muita gente deve pensar até hoje que “Love Buzz” é obra de Kurt Cobain, mas esse engano é perdoável. Ele soube imprimir nela, e em outras tantas influências também já distantes (como Black Sabbath e Led Zeppelin) o sotaque do som alternativo que rastejava nas sombras desde o início dos anos 80, ofuscado pelas palhaçadas do metal laquê. Com as bênçãos do Sonic Youth, o Nirvana logo no primeiro disco (Bleach, 1989) caiu como uma luva no gosto de uma geração cansada da postura hedonista de tipos como Sebastian Bach e Bon Jovi. À moda inglesa, o Nirvana rebatia o metal da época com a noção de que nem tudo dá certo na vida, e assim, pavimentava o caminho por onde o maior fenômeno desde “Ramones 77” viria para confundir o mainstream com o underground, anos depois.

*Não, este blog não virou um blog de downloads. Ele apenas vai passar a abrigar dicas de discos interessantes. Interessantes pra mim, é claro.

Morada

Quando os homens chegaram , encontraram Dona Lourdes na cozinha, sentada à mesa. A idosa olhava para o quintal, indiferente às grossas rach...