Finalmente eu fui numa rave. Da primeira vez que ouvi falar disso, lá pelos idos de 99, tudo que eu sabia desse tipo de festa ou era baseado nas conversas com os antenados, ou através de matérias de TV. Pegava uns
flyers, achava bonitinho e só. Dessa vez literalmente eu pude sentir a coisa
na pele.
De início, eu que não sou muito de me movimentar fiquei meio um peixe-fora-d'água, só observando o pulsar da malta sob as luzinhas piscantes. E como era quente aquele lugar! Claro, um ambiente pequeno, com todo mundo muito próximo, transpirando e se atritando, não poderia ter uma temperatura lá tão amena.
Aos pouquinhos, o impulso que me fazia acompanhar o ritmo da música com o pé foi subindo, passando pelos joelhos, até chegar à cabeça (não sei se poderia chamar aquilo de dança). Demorei pra descobrir que ficar parado ali era péssimo e que o certo mesmo era se mexer de alguma forma, devolvendo ao pessoal a sua volta os empurrões e encontrões recebidos. A dinâmica é a seguinte: um funciona como mola pro outro, e pro outro, e outro... Depois que se acha uma harmonia com o fluxo, pronto: é só
manter-se a batida. O engraçado era que, a despeito de toda a
pulação reinante, era possível encontrar lá dentro na boate gente fumando, bebendo, conversando, namorando e até tirando fotos ou falando no celular.
Da hora que eu entrei até quando fui embora, a batida continuou basicamente a mesma, o que é um achado para maioria que não é dotada de talento pra dança. Não existem coreografias, nem passos pré-definidos, nada, e se não há regras, conseqüentemente não há erros, o que é bastante convidativo. Eu mesmo me surpreendi com minha desenvoltura...
Grande parte desse meu sucesso
na pista eu devo a companhia encorajadora dos meus parceiros de balada:
Luísa ("a falsa tímida"),
Andrei ("o falso nerd"),
Bruno ("só no gingado"), além de uma outra menina que não conheço mas que disputava com Andrei o título de "O incansável da noite". Os improváveis
Hélber e Fabrícia apareceram depois e como nós, se entregaram a
suação da batida do drum'n'bass.
Numa certa altura, perguntei a Luísa da minha
performance e ela, gentil de doer, disse que nem parecia a minha primeira vez numa rave e que eu estava me dando bem. No fim, o saldo foi bom: consegui me divertir (contrariando a expectativa da chegada) e, num encontro meio tumultuado, a
Miss Lexotan finalmente descobriu quem eu sou.
Ao sair, me toquei que eu poderia estar com o suor de metade de João Pessoa nos braços
preguentos, mas tudo bem. Só acho que me faltou o componente alcoólico para que, associado ao turbilhão de luzes e sons, me fizesse
curtir aquilo tudo como se deve. Mas assim mesmo eu gostei, apesar de ser o tipo de coisa que de me enjoaria fácil. Conservador? Não tanto. É que eu ainda prefiro o jeito tradicional de ouvir e fazer música...