quarta-feira, 4 de fevereiro de 2004

O momento do ciclo (ou "o eterno retorno")

Enquanto zappeava tediosamente pela programação vespertina do domingo, dei de cara com o CPM 22 no Domingo Legal. E daí? Bom, o CPM 22 é uma banda de hardcore melódico (uma variação do Punk Rock com doses de romantismo adolescente), e o Domingo Legal tem sido nesses últimos dez anos, como se sabe, um dos grandes propagadores da trinca axé-pagode-sertanejo (com o Funk como adendo), os quais são estilos odiados pelos headbangers.

Esta simpatia repentina desse reduto popularesco ao som das guitarras não é de graça. Não é preciso ser tão observador para perceber que nesses últimos anos o poder aquisitivo da população tem caído progressivamente. Aliado a isso, tem-se um esgotamento quase que total dos modismos populares, o que configura um cenário propício a uma possível volta do Rock aos holofotes.

O fato é que essa reconciliação sazonal do Rock com a massa é uma tendência comprovada. Sempre em momentos de recessão, e com efeito, de estagnação cultural, o fãs do Rock mantém-se como podem firmes na "causa" e a Industria não tem o que fazer senão ceder a essa demanda. Para esse anseio cultural e ideológico se transfomar em uma pressão econômica é um pulo, e é aí que o Rock se torna o filão do momento. Foi assim nos anos 60 com a Jovem Guarda e a Tropicália, nos 80 com a chamada "Geração Rock Brasil" e, ao que me parece, é o que pode acontecer nessa primeira década do século XXI.

Os indícios são esparsos, é verdade. Junto com os Detonautas e o Charlie Brown Jr., o CPM 22 não figura como um estandarte ideal para uma retomada do estilo. Nem de longe, o Chorão (do Charlie Brown) ou o Badauí (do CPM 22) têm o peso cultural e a atitude messiânica que Caetano Veloso ou Renato Russo tiveram, mas o efeito catártico que causam na garotada é algo que não se pode desprezar. E para que essa volta do Rock não fique só apoiada nos ombros do niilismo juvenil, eis que nos vem o Skank (bebendo nas fontes sessentistas e com uma música na novela), a Lan Lan e os Elaines (cantando o mais genuíno Rock em português, mas sem "brasilidades") e os Los Hermanos (com arranjos e letras esmeradas, arrancando suspiros da crítica).

É isso. A roleta está girando. Nos resta apenas cruzar os dedos.

8 comentários:

Luís Venceslau disse...

Tem coisa pior que programação de domingo? Ah, eu detesto!*** Tem plena razão, o CPM22 no programa do Gugu é fora do normal. Mas eu acho que a audiência segue a tendência, né. Agora o que as pessoas gostam é essas bandas de, dito, rock (cada um no seu estilo próprio), então é isso que veremos na mídia...*** Sobre o meu post: Sim, estou pasma! Você assistiu o filme da Xuxa no cinema com a mamãe! E depois ainda criticaram a Xuxa dizendo que ela não deveria ter tirado o filme de circulação! Claro que deveria, senão muitas crianças continuariam locando esse filme achando que era mais um longa infantil da Rainha dos Baixinhos, não é? Ah, mas aposto que agora você não iria cochilar no filme heheh

Tamara | Homepage

Luís Venceslau disse...

1) Nunca ouvi falar em CPM22 :-o e não sou fã de rock ( a não ser uma coisinha ou outra de Los hermanos e Beatles - se é que Beatles pode ser dito "rock", se é que eles já não se tornaram "música clássica"), o que me impede de tecer qualquer comentário ; 2) Entretanto, comentando o comentário anterior: ei, Lu, por que tu foste ao cinema com sua mãe? Deverias ME convidar, ora ora! :-) ( eu, toda oferecida ); 3) Dissipo-a, com o meu hálito...Repele a dura frieza do chão...Antes que eu me esqueça: casa comigo?

NN

Luís Venceslau disse...

Quem quiser pode jogar pedras, mas CPM22 é arretado! "Desconfio" é uma ótima música! Alguém pode dizer que as letras são ingênuas, sentimentais ou "a la Roberto Carlos" (como disse a Veja ao rotulá-los de "emocore"?! ), mas dá pra filtrar umas músicas legais. O que me preocupa é a "remessa" de baladas encorajadas pelo sucesso de "Dois Rios", do Skank (que pra mim é a prova concreta da descaracterização de uma ex-banda de rock-reggae).

Breno

Luís Venceslau disse...

Quando um modelo da Indústria Cultural entra em crise, ou fica saturado, o que ocorre é a apropriação de produções marginais e aquelas nem tão marginais assim pela Indústria. Não é que o público ou os programas tenham descoberto esses grupos (e podem até passar a curtir depois), mas faz parte das crises do sistema. Quem ainda aguenta Britney???!!!!!!!

Zabella

Luís Venceslau disse...

Óia, eu até concordo com o que tu disse. Mas num fala difícil assim não!:P
Eu vejo o rock se renovando. Quem hoje diz que a Jovem Guarda é rock? Era naquela época. Hoje o povo acha que foi uma das fases bregas de Roberto Carlos.
A diferença entre rock e não-rock é não rock é meio tênue. Sobretudo quando se fala pelo lado comercial. Paulo Ricardo foi o ícone de uma geração e hoje o que é Paulo Ricardo???? Mas pra classificá-lo, ainda é roqueiro. Eu o vejo como baladeiro, mas é roqueiro...

Ovelhinha® | Homepage

Luís Venceslau disse...

xi.. commments gigantes! mas como disse alguem um dia em um ceeto depoimento para um certo documentario, o rock nunca vai morrer...

Agente Laranja

Luís Venceslau disse...

oi moço, vim dizer oi... "oi!"... e te ver... mas discursões sobre microfones meninos e guitarras são excitantes porem fica pra próxima... vim dizer q vc mantem-se gentil e fofinho.. agradeço sempre =] ... um mininu muito dedicado a poesia e a vida... gosto de como tu escreve.. bem pé-do-ouvido.. natural... bem vivo..
pois bem.. bjs doces.. inteh minha proxima passagem por esse mundo distante, a virtualidade... =p

carine | Homepage

Luís Venceslau disse...

Post grande.. comentarios imensos.. nao posso ler agora, passei pra deixau um bejim.. depois eu volto! Prond foi a borboleta? =***

PauLa

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