segunda-feira, 9 de fevereiro de 2004

O paquerador viário


É assim: se ao seu lado estiver uma moça que lhe agrade, ele puxa papo. Se ela estiver num banco sozinha, ele vai até lá como quem não quer nada e começa a falar. Ou ainda, se a pretendida estiver em pé e de preferência com alguma bolsa ou caderno numa das mãos, ele gentilmente o pede para levar e começa a jogar o papo, partindo do que puder improvisar na hora, seja acerca do clima, do peso dos livros, do mercado de trabalho, etc. Caso ele tenha a sorte da moça não descer antes dele e da conversa tomar corpo até o seu ponto, ele fará o possível para arrancar o telefone dela. E o pior (ou melhor?) é que às vezes ele acaba conseguindo.

O figura mora aqui no bairro e eu o conheço só de vista. Ele já deve ter passado dos 30 anos, faz Letras na UFPB, só anda bem trajado e portando um sorriso de tubarão branco. Faz o gênero "homem-maduro-protetor". Jamais me passou pela cabeça que um tipo como esse fosse adepto dessa prática.

Soube dessas suas peripécias exatamente num dia em que, pela primeira vez, pude vê-lo em ação. Por coincidência, eu e um primo - que já o conhecia melhor do que eu - entramos num mesmo ônibus que ele. Claro que o rapaz em questão já havia ido e sentado ao lado de uma moça que estava sozinha.

Enquanto a coisa se desenrolava dois bancos a nossa frente, meu primo me falava tudo o que sabia sobre os métodos e a trajetória do paquerador. Fiquei bestificado. Ainda não tinha visto esse tipo de abordagem, nem tampouco julgava que ela existisse. Naquela viagem, a escolhida parecia ser uma estudante de enfermagem, que se mostrava nada avessa ao papo.

Descemos todos na mesma parada e ele, sempre sorridente, cumprimentou meu primo e a mim. "É uma pena. Dessa vez nem deu... Mas aquela daquele dia me deu o telefone!", disse referindo-se a outra moça de uma outra viagem de dias atrás, do qual o ataque meu primo havia sido testemunha.

Existe um ditado americano que diz "Nice guys finish last" ("Caras legais ficam pra trás"). Estou começando a crer nisto...


16 comentários:

Luís Venceslau disse...

Não, Luís, por favor não comece a acreditar nisso. Uma vez estava conversando com um cara que era jornalista, numa palestra, e ele disse que fazia quadrinhos e que tinha um livro publicado e tudo. "Você não quer receber um livro meu, eu te mando pelo correio?" - Sabe aquela pergunta que vc pensa duas vezes, fecha os olhos e responde "Tá"!?. A porra do homem me mandou uma cartinha... ODEIO ESSE TIPO DE HOMEM!!!!!

Zabella

Luís Venceslau disse...

Ô, Zabella, achei bonitinho o lance da cartinha :-).Enfim...Luís, meu queridíssimo, vc acha que está ficando pra trás, é?

NN

Luís Venceslau disse...

Morte aos paqueradores viários! Um deles (do Decom, o infame!) deu em cima de uma namorada que eu tive. O safado disse que me conhecia e ainda tentou queimar o meu filme! Ô alma sebosa!

Breno

Luís Venceslau disse...

não sei se ele é louco ou é muito cara de pau ...

herica

Luís Venceslau disse...

esses casos pitorescos em onibus são os melhores!

miss lexotan | Homepage

Luís Venceslau disse...

O bom do conto é essa de ser conto, do vigário ou visionário. Dá na mesma, pois os cartomantes são ¿visiries¿ e vigários.

Forte abraço, Victor Tales!

Victor Tales | Homepage

Luís Venceslau disse...

Concordo. Ser um cara "legal" não tem futuro... :)

Andrei

Luís Venceslau disse...

Essa história é verídica? Concordo! Não sou muito fã de homem bonzinho. Mas de bofe metido a gostosão também... Tsc-tsc-tsc-tsc...

Ovelhinha® | Homepage

Luís Venceslau disse...

hahaha... tipinho bem típico! já fui abordada por vários carinhas assim, mas nao gosto. acho muito forçado, sou amante dos encontros casuais

Séverine | Homepage

Luís Venceslau disse...

Ele é bem cara de pau, mas a pior coisa dentro de um coletivo, e quando vem um homem ficar atras de vc se roçando, ate ficar de pau duro. aff !!! Beijos

Andie | Homepage

Luís Venceslau disse...

Ele é bem cara de pau, mas a pior coisa dentro de um coletivo, e quando vem um homem ficar atras de vc se roçando, ate ficar de pau duro. aff !!! Beijos

Andie | Homepage

Luís Venceslau disse...

Ele é bem cara de pau, mas a pior coisa dentro de um coletivo, e quando vem um homem ficar atras de vc se roçando, ate ficar de pau duro. aff !!! Beijos

Andie | Homepage

Luís Venceslau disse...

nem bonzinho nem cafajeste, tem que ser meio-termo. se bem q esse tipo de homem (descrito aí no post) me atrai ;P

Luísa

Luís Venceslau disse...

ah, cara, infelizmente eu concordo. mulher gosta de idiotas e/ou cafajestes...

Agente Laranja

Luís Venceslau disse...

aaaaaah naum..eu to aqui querendo um nice guy e vc diz isso??? Concordo naum...Ó, tô aqui, vice?
;) po Luiz...adorei a narrativa! e é impressionante a criatividade do ser humano...fico boba...mas o cará é péssimo por isso??? Fiquei assim, lá dentro do busão, vendo todos vcs...que ele é uma figura, é! mas ele é casado?...po...figurinha mais estranha não seria quem dá idéia prele? :| ...sei lá...to pensando...rs...
believe that the nice guys have their place in the gentil ladies...(sei se escrevi certo naum, buuut...espero que compreenda e volte a se animar!!!)
beijooooooooooooooooou!
Li

Lika | Homepage

Luís Venceslau disse...

Morte aos cabas que ficam em pé, de olho nos decotes das gurias que estão sentadas!! heheheh

PauLa

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