segunda-feira, 31 de maio de 2004

Pérolas do "Jornalismo Déjà Vu"

"Mau humor do mercado alavanca o Risco-Brasil."
"Atentando na faixa de Gaza deixa mortos e feridos."
"Mais denúncias contra o ex-governador Paulo Maluf."
"Shumacher é pole."
"Cresce o número de seqüestros relâmpago do estado de São Paulo."
"Desemprego bate recorde."
"Sonho da olimpíada no Brasil é adiado."
"Robert Scheidt ganha mais um título mundial."
"MST retoma ocupações."
"Deborah Secco apresenta seu novo namorado."

quinta-feira, 27 de maio de 2004

Segredos selados


Te mando missivas,
Justificativas,
Para que convivas
Com minha presença.

E fotos simplórias,
Sem dedicatórias,
Completam histórias
Que fiz referência.

Em plena espera,
Chorosa e sincera,
Eu sei que venera
A reminiscência.

Se alguém descobrir
Tais cartas pra ti
Só não vá mentir
Sobre minha existência.


segunda-feira, 24 de maio de 2004

Destino


A guinada de Fernando Antônio

Acordou e se deu conta de que estava em casa. Na verdade, ainda não tinha acordado: demorou a manhã inteira e a primeira metade da tarde pra finalmente se tocar de que havia um mundo além da zonzeira e do gosto de saco plástico na boca. Tudo caminhava numa pasmaceira alucinada até quando num zapping rápido na TV viu um homem com barba tocando violão. Naquele instante foi como se recebesse uma lufada forte na testa. Engasgado nas próprias palavras, foi em busca da mãe para conta-la a experiência que tivera na noite anterior, só agora lembrada.

A pífia comunidade ufóloga do lugar não acreditou em uma só palavra do que ele passou a repetir com fervor. Simplesmente não colou a história de que numa madrugada chuvosa de uma quarta para uma quinta, ele se deparara com um OVNI em plena orla da cidade. Riram mesmo quando disse que havia entrado no objeto e encontrado lá dentro uma espécie de távola, uma reunião de seres sob uma luz difusa entoando sons estranhos, quem sabe hinos, e palavras de ordem. Não houve experimentos, nem lhe espetaram agulhas. Pensou que talvez tenham apenas colhido um pouco de urina, que era o que tinha na calça que usava na tal noite.

Ele só foi bem recebido mesmo, meses depois, num culto, onde reconheceu que seu contato inesperado tinha sido na realidade com a Sagrada Família e com os Santos Apóstolos. Após o testemunho, chorou por sua blasfêmia ("Chamar Jesus de E.T. é pecado grave!") mas logo foi perdoado por todos. Já convertido, desprezaram o fato de ele antes do milagre ter acabado de sair da Companhia do Chope.

quinta-feira, 20 de maio de 2004

"Obladi-oblada, life goes on.."


O instante mágico. O rasgo temporal, na realidade. Na verdade, uma confluência de realidades que comprova que "nem tudo está perdido", que há alguém real do outro lado da linha e que a noção de horas e dias pode ser facilmente flexionada. É a estesia, coletiva, viva, infelizmente perene só nas marcas que fazem na lembrança. Tudo tão perfeito que seria tolice achar que fosse durar muito. Tolice maior seria, uma vez envolto por essa aura, tentar se desvencilhar dela, embora ela tenha surgido tão facilmente e agora ser mais rígida do que o mais forte dos diamantes. É como um clipe nas páginas de um diário. Três, quatro páginas? Sim, já estão marcadas, todas sem um espaço em branco, decoradas com embalagens de chocolates doces como sorrisos, e adesivos coloridos como semblantes iluminados.

Enfim, se "a felicidade é abstrata e só a dor é real" eu não sei, mas que eu não tinha como não falar disso tudo hoje, ah, não tinha não.

Quisera eu poder ser tão explicito quando Ailton foi em seu blog...


domingo, 16 de maio de 2004

Anna


pela Paraíba:

CroNNograma

Terça-feira
10:00h - desembarque na rodoviária
10:30h - casa de Hélber para assistir vídeos do FilMALgens
12:00h - almoço ou lanche no Shopping Sul (a combinar)

Quarta-feira
10:00h - desembarque na rodoviária
11:00h - almoço no Shopping Manaíra
12:00h - fazer hora no Shopping Manaíra (boliche ou conversa)
14:30h - cinema no Mag Shopping - Tróia
17:30h - pizzaria Veneza de Manaíra/Bessa
19:00h - Almir (Tambaú)
21:00h - Bebe Blues (Tambaú)
22:00h - Feirinha de Tambaú
23:00h - Luau (Cabo Branco - em frente à Sapore d'Itália)

Quinta-feira
04:45h - ver o Sol nascer com Anninha

quinta-feira, 13 de maio de 2004

HAPESAR: nem só de acaso se faz um vídeo


Tínhamos que decidir entre duas idéias para fazer um documentário para a disciplina Laboratório de Telecinejornalismo. Uma delas era sobre o quanto decrépito estava o Departamento de Música, que fora construído com promessa de ser provisório, e que às portas dos seus 20 anos era difícil achar algo dentro que funcionasse sem improvisos. A outra idéia também tinha como foco a deterioração de um outro setor da mesma universidade, o Núcleo de Documentação Cinematográfica. Também nos seus quase 20 anos, após formar e revelar uma geração inteira de cineastas, o Nudoc carecia de uma intervenção urgente antes que "caísse" de vez. Acabamos preferindo a idéia do Departamento.

Por uma série de motivos que não convém relacionar, não pudemos realizar o documentário sobre o Departamento de Música. Sem alternativas, corremos pro Nudoc e não tinha como ter sido melhor. O tema do Departamento era bom, palpitante, grave, mas com um peso político que dificilmente livraria o vídeo de um ar sensacionalista. Fora os problemas, não haviam tantos contrapontos positivos, coisa que o Nudoc tinha e que tornou possível que se fizesse um vídeo sem apelos, ou que pesasse para algum lado. Desde o início, minha preocupação era que ficasse denunciativo mas sem excessos. E ficou mesmo.

Surgiu então o HAPESAR. Saiu tudo direitinho. Claro que houveram discussões sobre o que fazer, o que colocar ou não, mas no fim acho que o que ficaram foram as melhores idéias. Muito disso foi por sermos apenas quatro pra dar pitaco (Ailton, Bruno, Daslei e eu), coisa que favorece o envolvimento maior de cada um.

Independente da qualidade do vídeo (que sei que não é das maiores dada a inexperiência dos realizadores e os parcos recursos), vai ser difícil eu deixar de gostar dele. Mesmo já tendo passado algum tempo desde a sua exibição inaugural, eu continuo achando que fizemos com o vídeo o que foi possível se fazer, conseguindo dizer da melhor forma que podíamos o que pretendemos (diga-se muito graças aos entrevistados). Não há nota 10 que valha isso. E ainda tem a coisa do fazer coletivo, a experiência toda da realização, o fato de eu "me ver" ali, e a maior das satisfações: ver finalizado um projeto dentre tantos outros em que me meti mas que nunca saíram do papel.

Ah, de lá pra cá, tanto o Departamento de Música quanto o Nudoc continuam funcionando a duras penas, após algumas "maquiagens".

O "HAPESAR" será exibido no Sesc-Centro, nesta sexta-feira, 14, às 12 e 18:30hs. Mais sobre o vídeo no Jornal A União, MeiaBoca e 45acp.


terça-feira, 11 de maio de 2004

O amor é cego


Capaz de cegar

A filha teve uma crise de choro assim que chegou e viu. "A gente cega o amor pra depois ele cegar a gente", pensava enquanto mudavam as compressas do rosto dolorido. Àquela altura, nem pensava mais no acontecido, ou na véspera, que era o que daria para lembrar por um artifício típico da memória. Em volta dos olhos, alguns coágulos púrpuras tapavam-lhe as vistas completamente, condição esta que lhe roubava toda a atenção que era capaz de ter por algo depois de tudo.

Por ainda estar meio grogue, vivia as primeiras horas daquela sua deficiência temporária sem um pingo de aflição. Aparentava até um certo bem-estar em seu silêncio indolente, curiosa com as sutilezas sensoriais que aquela privação lhe permitia. Não havia mais casa, nem delegacia, desgosto, nem a enfermeira do posto, nem socos no rosto, dores, nem ela mesma: só os relevos da colcha da cama, o barulho das cortinas no chão tremulando com o vento e um cheiro até então imperceptível no quarto, que vinha dos ninhos do teto sem forro. Percebia que a cegueira era branca, ou verde, como a esperança, sei lá, porra, não dá pra ter senso nessas horas...

Mais "tema único" nos links marcados com asterisco.

quinta-feira, 6 de maio de 2004

A cruz


Ficou na moita nos dois dias de chuva e só no terceiro resolveu, enfim, fazer jus a sua natureza. É, sinusite é assim, gosta de pregar peças. Claro que ela não ia deixar uma friagem passar sem latejar na testa. Galhofeira dos diabos, sente prazer no incomodo alheio...


terça-feira, 4 de maio de 2004

Tentação


O bem da tentação

Sentia a sanha febril do desejo adúltero arder no pescoço enquanto o copo de uísque vacilava no suor das mãos glaciais. Era principiante na arte da traição, e como qualquer noviço, gaguejava temeroso a cada novo imprevisto de sua ventura. Estava sendo levado pela situação como numa avalanche de raiva. Tinha raiva dela, por ter lhe inspirado suspeitas; tinha raiva de si, por ter sido tão burro; tinha mais raiva de si, por estar com medo de enganar quem no íntimo ainda respeitava. Enfim, de tão entorpecido, não estava apto a decidir nada. Saiu de casa a esmo naquela noite e disposto a aceitar seja lá o que lhe acontecesse.

A conversa com aquela ruiva corpulenta no balcão da boate já durava coisa de meia hora, e o "na minha casa ou na sua?" estava prestes a surgir. O papo tinha fluído fácil, robusto, e entre gargalhadas alcoólicas, ele via com terror o maldito êxito que vinha logrando e viria alcançar naquela noite fatídica. Se deu conta do quão cheia sua bexiga estava e foi ao banheiro mais pra jogar um pouco de água na cara e aliviar-se do nervosismo, que já o tornara eufórico. A ruiva ficou dando-se um tempo terminando um cigarro, e se insinuando lânguida por entre as mesas ruidosas, entrou no banheiro masculino achando que não fora vista.

- Eu juro pela minha mãezinha que eu nunca te traí nem te trairei! - Gritava Marcinha entre soluços lacrimosos, aos pés do marido ressacado, após o telefonema de uma certa amiga ruiva que voltara para casa na noite anterior mais comovida do que chateada.

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sábado, 1 de maio de 2004

Vitória


Telecinese, telepatia, pirocinese, projeção astral, aporte e materialização transcendental. A ausência de um link aqui ao lado prova que tudo isso existe.


Morada

Quando os homens chegaram , encontraram Dona Lourdes na cozinha, sentada à mesa. A idosa olhava para o quintal, indiferente às grossas rach...