quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sangue, tortura e mutilações: a gente vê por aqui

Depois da “perversão da realidade”, onde é mais fácil aceitar o gosto por divas inalcançáveis (tipo Panicats) do que por tipos corriqueiros como gordinhas, quarentonas, baixinhas, etc, a realidade aos poucos vem sendo tratada pela TV como se fosse um filme de Exploitation. Pra quem não está muito familiarizado com o termo, ele se refere a filmes que exploram a violência em todas as suas variantes mais sangrentas, temperados por um forte apelo sexual. Geralmente são histórias focadas na agressão contra mulheres (jovens, bonitas, transformadas em objetos de fetiche), com torturas, vinganças, massacres, etc. E o que se tem visto ultimamente na TV? O que estão levando ao sagrado seio dos nossos lares? A coisa chegou ao cúmulo recentemente com a exibição de um vídeo de um estupro (ou tentativa, sei lá) gravado com um celular. Isso que é convergência. A pornografia, não a clássica, profissional, mas a amadorística, do tipo “caiu na net”, antes restrita à sites como Redtube, Xvideos, vem agora pela TV aberta, e bem na hora do almoço, acessível pra mamãe, pro papai e pro vovô. É dupla exploração: da menina no vídeo, que parecia embriagada, e do próprio vídeo, como muleta para um denuncismo vazio a respeito de um suposto e atroz estado de coisas em que nos encontramos. Mas a própria exibição de um vídeo desse já não pode ser um sinal desse estado de coisas? Pois é, acadêmicos, morram de inveja. Isso que é Metalinguagem.

Voltando ao Exploitation, a coisa não fica restrita apenas a esses programas policialescos onde as grandes estrelas são os crimes flagrados por circuitos internos, os cadáveres nas vielas e os feridos chegando aos hospitais. Em um outro canal dá pra ver cirurgias plásticas, e não falo aqui de canais educativos, voltados para médicos. São shows, reality shows, com depoimentos reais de moças que são viradas pelo avesso em lipoaspirações, lipoesculturas e implantes de tudo o que é jeito. E tudo bem em close, você quase pode sentir o cheiro da gordura sendo cauterizada, a pele sendo repuxada pelos pontos... “Jogos Mortais” perde. Já em um outro canal, jovens bonitos e bem nascidos se submetem a um jogo em que pra ganhar é preciso passar por situações de quase afogamento, vertigem, além de terem que meter a boca em pedaços de carne crua, comer baratas, larvas, formigas, etc. Homens nem tanto, mas é com especial deleite, em câmera lenta, que são mostrados os rostos das moças maquiadas, com os cabelos impecáveis, tremendo de asco e horror ao serem cobertas por ratos e cobras em diversas provas. Nem os filmes com a nazista Ilsa eram tão requintados.

Ou seja: não nos contentamos mais com a ficção, com o Exploitation “apenas” enquanto gênero cinematográfico. Queremos a coisa real porquê não tem criança aqui, cinema é brincadeira, como diria Hitchcock. Queremos ver é estupro de verdade, nada de sangue cenográfico nem insetos de borracha. E ainda dizem que a TV é um meio em declínio, que nada. O Exploitation ficou para trás, os Snuff Movies e a sua suposta violência real ainda são uma lenda. A TV que é pura vanguarda. Fiquemos atentos ao que virá a seguir.

2 comentários:

Anônimo disse...

esse post nao deveria acabar com o link para o video do estupro?

ailton

Débora Aquino disse...

É banalização da violência por esse pseudo-jornalismo. Um verdadeiro Show de Horror.

Morada

Quando os homens chegaram , encontraram Dona Lourdes na cozinha, sentada à mesa. A idosa olhava para o quintal, indiferente às grossas rach...