domingo, 16 de outubro de 2011

O que está acontecendo (III)

“Matando o amor” (2011) – Talma & Gadelha

O Talma & Gadelha é o protótipo da banda perfeita. Pra mim, pelo menos. Não que o disco deles seja perfeito (tem umas 4 músicas brilhantes e o resto fica entre ótimo e simpático). Falei que a banda era um protótipo perfeito porque reúne características que pra mim são irresistíveis: refrões ganchudos, senso pop, um pouco de peso, uma sujeirinha nas guitarras, além de terem uma garota (Simona Talma) dividindo os vocais com o baixista Luiz Gadelha. Some-se a isso uma abertura suficiente para envolver entre as referências coisas dos pop rock dos anos 90 e Jovem Guarda, indo facilmente de um roquinho mais cru até baladas pesadas. Por ter uns toques um tanto divertidos, o pessoal tem associado a banda ao Pato Fu, mas o Talma & Gadelha tem capacidade suficiente pra construir uma história própria, independente de modismos atuais. (aqui)

“The Baggios” (2011) – The Baggios

Um julgamento apressado pode colocar os sergipanos do The Baggios apenas como o “White Stripes brasileiro”, mas não é só por aí. A formação reduzida é a mesma (guitarra e bateria) e há também um gosto pelo blues mais profundo, em ambas as bandas. Mas os Baggios, em relação aos americanos, não tem as “arestas tão arredondadas”. Há entre as referências sons como as pirações do Cream, o hard do Led Zeppelin, até coisas mais recentes como Jon Spencer Blues Explosion e seu espetáculo de guitarras. O sotaque, a forma de flexionar as melodias, em meio aqueles timbres, sugere uma relação com Raul Seixas, o que ajuda a dar a coisa toda um espírito bem brasileiro, no melhor sentido da palavra. Enfim, quem gosta de uma coisa meio tarantinesca, de uma aridez poeirenta, pesada e viril (e de guitarras) vai se sentir em casa com o The Baggios. (aqui)

“Boa Parte de Mim Vai Embora (2011)” – Vanguart

Depois de anos de “retiro”, o Vanguart deixou a poeira do hype passar (e com ela suas pressões) pra voltar com um disco em que eles parecem ter encontrado o próprio som, a própria verve, onde as principais referências não parecem tão bem perceptíveis como era no começo. Ainda há um quê folk, os violões puxando tudo, uns solos a la George Harrison, mas agora as estruturas se permitem fluir mais, mais longas, ora mais pesadas, ora mais charmosas, solenes até. O novo disco deles é um trabalho para se ouvir com calma, percebendo cada mudança, cada nova camada que chega, cada acréscimo, como os arranjos do violino, novidade na banda. Praticamente falando só de despedidas, o disco não é muito recomendado para quem passou por alguma separação recente, mas ainda assim vale a tentativa. (aqui)

Um comentário:

Anônimo disse...

como de praxe, sempre baixo suas indicações. gostei da primeira.

ailton

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