quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Em defesa da tropa, ma non troppo

Praticamente todas as críticas de Tropa de Elite 2 que eu vi por aí fizeram questão de destacar o conteúdo do filme, a denúncia do estado de coisas, a podridão do sistema, etc, etc. Não sei se por pressa, displicência ou falta de conhecimento mesmo, o pessoal tem se prendido a tudo o que o filme tem de mais óbvio, que é o que qualquer pessoa com o mínimo senso crítico pelo menos já suspeita. Dá impressão que a maioria não entendeu que Tropa de Elite 2 não se trata de um panfleto (à moda dos que os russos faziam, com maestria). Não nego que o tema de Tropa é pungente, atual, faz pensar, mas não há pretensões heróicas ali (como na maioria dos filmes do Cinema Novo). Se o diretor José Padilha tivesse em vista qualquer motivação política, se quisesse usar o filme para dar uma sacudida na audiência, ele o teria lançado antes do primeiro turno das eleições, no calor da campanha. A projeção e a polêmica estariam garantidas.

A escolha desse momento para a sua estréia trás um recado claro: Tropa de Elite 2 é acima de tudo um filme de ficção e deve que ser visto como tal. O que faz dele imperdível não é tanto o assunto, a reflexão que ele trás (e seus produtores sabem disso). Mais do que dizer coisas, ele soube dizer as coisas, e se pegar somente às tais coisas é desprezar o filme muito bem realizado e maduro que ele é. E isso dá pra perceber no fato de ele ser um filme mais “parado” em relação a primeiro, e mesmo assim não perder ritmo, nem se tornar enfadonho. Sem uma história inteligente e uma equipe afiada, não dá pra conseguir isso nunca.

Mas nada disso implica em preciosismo técnico. Da mesma forma que o anterior, não há tentativa de reinvenção, de subversão, como também ele não cai no comodismo da fórmula das novelas transpostas pro cinema. É um filme absolutamente limpo, em relação a efeitos ou apelos mais cosméticos (trilhas emotivas, explosões, ângulos estranhos). É cinema sem frescura.

Um dos grandes méritos da franquia Tropa de Elite, reforçado agora no segundo filme, é a idéia de se procurar um formato brasileiro para filmes de ação, policiais, de conspiração. Já está constatado que o modelo de filme de ação americano muda de tempos em tempos, e ir na onda dele hoje pode dar num filme datado amanhã (lembra de “American Ninja”?). E mesmo que o Brasil mude um dia, Tropa de Elite 2 não corre esse risco.

5 comentários:

Anônimo disse...

Preciso ver esse filme: URGENTE!!!

ailton disse...

o filme é bom. a construção do roteiro é perfeito, embora um pouco mirabolante; a apresentação dos personagens tbm é ótima, não peca nunca pelo excesso e nem pela ausência. mas, no geral, o 1º é melhor.

caso.me.esqueçam disse...

ainda nao li uma critica negativa sobre o filme! que vontade de ve-lo! soh nao sei como :D

Bruno R disse...

curioso pra ver esse "federal"..

l. disse...

Adorei a brincadeira com a sonoridade das palavras, no título.

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