quinta-feira, 13 de setembro de 2007

De como se faz um navio fantasma

No cais, não houve o festival de acenos avulsos, nem papel picado, nem lágrimas, nem banda tocando, nada. Apenas o vento batendo nas tábuas cheias de limo, um céu sem brilho nem cor, e um homem que via do píer o navio se afastar do continente. A despeito da chuva que já principiava, o homem permanecia estático, queria guardar a visão do navio partindo para sempre. O navio ia, mas ia numa vagareza que chegava a incomodar o homem, era uma expectativa ao contrário, o navio insistia em não sumir na paisagem, parecia que não saía do lugar, relutando contra pressão em suas velas. Mas para o alívio do homem, e depois de todos naquela cidade, o navio já estava um pouco menor, e começava a pegar as correntes robustas, tomando a sua rota de esquecimento. Ia sem mapas, bússolas ou cartas. Ia trôpego, vacilante, cortando ondas esquálidas, com os porões atulhados com todos os tuberculosos do país para uma viagem sem chegada, sem coordenada e sem destino. Através das vagas, a nau vagaria, e assim continuaria, após o último deles morrer.

8 comentários:

Luís Venceslau disse...

linda metáfora sobre a falta de sentido na vida.

ana carla

Luís Venceslau disse...

ô rapá... quanto tempo sem aparecer por aqui. Vejo que tudo continua fluindo ainda com muita força, muito vigor.
abraço!

lau siqueira | Homepage

Luís Venceslau disse...

nao tá mais pruma parábola?

tenha medo

Luís Venceslau disse...

eu acho que falta sentido é nesse comentario.

tenha medo 2

Luís Venceslau disse...

esse entra pra aqueles que causam nostalgia de coisas que nunca se viveu.

ps: eu não sou mais épica. estou tão moderninha e só vc não percebeu? :P

li

Luís Venceslau disse...

Essa tua falta de feed me lasca. Quando é que teu blog vai ficar com feed?

Mythus | Homepage

Luís Venceslau disse...

1) Cria o blog no blogspot; 2) Manda um email para Andrei com login e senha -- ele vai rodar o programa dele para fazer essa migração (ele não ensina, ele faz); 3) você anuncia mudança do site; 4) eu assino eu seu feed 5) você continua a postar. ;)

Mythus | Homepage

Luís Venceslau disse...

a ultima frase é um verso

ailton

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