sábado, 1 de setembro de 2007

Em Campina Grande

Em Campina Grande, o pessoal quer ver o Satanás e não quer ver um dos seus supostos adoradores, conhecidos por lá como "roqueiros".

Contrariando a todos os prognósticos, existe gente que curte Rock na cidade do Maior São João do Mundo. Se isso não significa lá muita coisa em lugares ditos desenvolvidos, como São Paulo e Belo Horizonte, que dirá num lugar que só possui três estações de rádio, sendo duas delas idênticas?

O Rock e seus cultuadores sempre tiveram uma vocação pra marginalidade, até encarnaram o espírito da contra-cultura numa certa época. Mas em Campina Grande, isso é elevado ao cubo. Tem algo de Ku Klux Clan, sociedade secreta, máfias, um tipo de "ocultismo". A gente sabe que isso de se colocar a parte também se deve eles, aos próprios "roqueiros", é a coisa do grupo, de se agregarem para se sentirem melhores que demais, etc, etc. Mas não é só isso.

A figura do "roqueiro" em Campina causa no cidadão médio uma mistura de medo e raiva. A simples presença de um deles, a mera visão, já gera um incomodo quase incontrolável. Uns sentem nojo, outros vontade de rir, escarnecem, como que de uma sub-raça acéfala, capaz apenas de bater cabeça e cantar coisas em línguas ininteligíveis. Mas pudera, a imagem cunhada (de novo, pelos próprios "roqueiros") é daquela figura toda de preto (a despeito do clima), cabelo grande (irresponsáveis?), e um ar meio arisco, meio abobalhado. Daí a lhes associarem a tudo o que não presta.

Não por acaso, o estilo mais popular entre o público roqueiro de Campina é o METAL, e os seus ouvintes fazem o possível para ter um visual em sintonia com este som. Pelo menos a maioria é assim, deixando por onde passa um rastro de narizes torcidos. Os caras do Kiss ou o Marylin Manson se comoveriam com forma como que a Atitude Rock'n' Roll é exercida em Campina. Lá tem que ter "colhões" pra botar a cara na rua, é um dos poucos lugares do mundo em que o conceito de true é entendido na prática. Em volta disso tudo, há uma sensação de um verdadeiro apartheid cultural, uma ditadura da monocultura. Mas deixa quieto. Se lá músicas com versos como "Vá pra porra/ Sua cachorra" ou "Vamos fazer bebê agora/ Quer beber?" são o parâmetro de gosto, então não é bom nem discutir...

3 comentários:

Luís Venceslau disse...

ah, mas zé do caixão parece que fez sucesso por lá.. :P

3 radios? tá de sacanagem! Patos que é Patos tem 4 (duas am e duas fm)

Bruno R

Luís Venceslau disse...

opa. vc não tirou uma onda dos roqueiros de campina não, né? se tem uma coisa que eu respeito naquela cidade é que quem é underground, é underground de verdade! não vira udigrudi feito aqui, que até quem tenta acaba sendo engolido pela massificação doquequerqueseja, que acaba virando moda, aiai. eu saquei que não teria mais underground 'como se fazia antigamente' em três ocasiões (porque eu sou insistente e não me dei por vencida facilmente): primeiro, camisa com a estampa da famosa capa do exploited sendo vendida na mesbla. depois, camisa com estampa de famosa foto de che guevara sendo vendida na ellus (ou seria a zoomp, ou a m. officer?). e por útlimo, garotinhos metro de quinze anos saindo do salão com moicanos à base de muito spray... em dupla. então... salve os 'colhões' da galera de campina, u-hu.

L. de Liuba

Luís Venceslau disse...

na verdade, sao SETE radios em patos.

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