Quem vê este senhor cantando, todo seguro, sobre suas
artimanhas no jogo do amor, obviamente pode pensar que se trata apenas de um cantor romântico (o maior deles) e só. Essa é uma meia-verdade. Isto porquê se nos voltarmos um pouco para o seu período mais notável,
fim dos 60's-começo dos 70's, vamos perceber que em boa parte das suas músicas o eu-lírico está sempre
se ferrando. Não se vê tanto aquele romantismo férreo, inabalável, escancarado, feito só de beleza e
maravilhas. Com Roberto é (era) melaconlia pesada, sempre tem um choro, uma despedida, uma história que
teve fim, e fracasso, fracasso, fracasso afinal, como diria Núbia Lafayette. Isso sem contar músicas onde ele aborda a rotina do cotidiano, a incapacidade de comunicação, a ausência de perspectivas, até, de forma corajosa, o acidente que lhe amputou uma das pernas na infância. Até nas capas dos discos fica nítido esse tom sombrio, que nada mais tinha da postura heróica e luminosa dos tempos da Jovem Guarda. O
melhor é que, apesar de envolver esses temas que beiram o melodrama rasgado,
as músicas desse período são ótimas e estão entre aquilo que ele fez de melhor na carreira.
Abaixo, dez exemplos desse lado corta-pulsos do Rei:
"As flores do jardim da nossa casa"
"De tanto amor"
"A cigana"
"O show já terminou"
"Você me pediu"
"Sonho lindo"
"Custe o que custar"
"E eu não vou deixar mais você tão só"
"Eu daria a minha vida"
"As canções que você fez pra mim"