Nesses 23 anos da morte de Raul Seixas, eu lembro que meses atrás, depois de ver aquele que talvez seja o documentário definitivo sobre o cara, finalmente pude confirmar uma antiga constatação: ele era um compositor. Parece óbvio, em se tratando de alguém que vivia da música e ficou reconhecido por isso. Mas ao mesmo tempo, a impressão que dá é que para o grande público Raul ficou como sendo um produto da resultante de um monte de rótulos que lhe foram imputados. Foi tão grande a carga e a dimensão que tomaram, que até o próprio achava difícil se libertar deles. Aí que entra aquele papo de “maluco beleza”, de “sociedade alternativa”, ocultismo, “profeta”, que, vá lá que tivessem algum fundamento no real, no fim eram apenas traços que não respondiam pelo todo - ele era e tinha muito mais a ser mostrado. Simplesmente, o foco que deveria estar na música era jogado no discurso e nas suas excentricidades. No mais, como ficou bem claro no filme, quem lhe impulsionava mesmo, a sua grande preocupação desde o início não era a exposição, nem a celebridade, muito menos o messianismo: Raul era um cara que vivia voltado para composição, a criação musical. Não por acaso, seu talento raro logo seria percebido por outros músicos e empresários do ramo assim que ele pôs os pés no Sul.
Foi lá que por um tempo ele trabalhou sob a alcunha de Raulzito, produzindo discos e compondo músicas que ajudaram a promover a carreira de muita gente. Nelas fica nítido o seu esmero e a sua capacidade enquanto verdadeiro artífice de canções, ora românticas, ora roqueiras, ora os dois juntos, mas sempre com comunicação direta com o popular e sem ser banal. Abaixo, canções que são de Raul e que pouca gente sabe:
"Doce doce amor"
"Playboy"
"Foi você"
"Objeto voador"
"Se ainda existe amor"