
A escolha desse momento para a sua estréia trás um recado claro: Tropa de Elite 2 é acima de tudo um filme de ficção e deve que ser visto como tal. O que faz dele imperdível não é tanto o assunto, a reflexão que ele trás (e seus produtores sabem disso). Mais do que dizer coisas, ele soube dizer as coisas, e se pegar somente às tais coisas é desprezar o filme muito bem realizado e maduro que ele é. E isso dá pra perceber no fato de ele ser um filme mais “parado” em relação a primeiro, e mesmo assim não perder ritmo, nem se tornar enfadonho. Sem uma história inteligente e uma equipe afiada, não dá pra conseguir isso nunca.
Mas nada disso implica em preciosismo técnico. Da mesma forma que o anterior, não há tentativa de reinvenção, de subversão, como também ele não cai no comodismo da fórmula das novelas transpostas pro cinema. É um filme absolutamente limpo, em relação a efeitos ou apelos mais cosméticos (trilhas emotivas, explosões, ângulos estranhos). É cinema sem frescura.
Um dos grandes méritos da franquia Tropa de Elite, reforçado agora no segundo filme, é a idéia de se procurar um formato brasileiro para filmes de ação, policiais, de conspiração. Já está constatado que o modelo de filme de ação americano muda de tempos em tempos, e ir na onda dele hoje pode dar num filme datado amanhã (lembra de “American Ninja”?). E mesmo que o Brasil mude um dia, Tropa de Elite 2 não corre esse risco.