terça-feira, 14 de setembro de 2010

Literalmente uma inserção

A Origem (Inception, 2010) é pseudo-cult? Talvez. É um filme de nerd? Pode ser. Mas nada disso lhe tira o mérito de já ser um dos grandes filmes desse ano e um dos melhores da década (no ritmo que vamos duvido que apareça coisa muito melhor do que ele, mas enfim...). O diretor Christopher Nolan parece que encontrou o filme que há anos procurava: denso, mas ágil (diferente dos seus Batmans), aliando experimentalismo e senso comercial (ao contrário de Amnésia). Mas o experimentalismo de Nolan não rima com hermetismo. A Origem não é de forma nenhuma um filme cabeçudo, onde você tem que ficar procurando significados e saídas onde muitas vezes nem existem. O filme tem seus labirintos, mas o que interessa não é como se sai deles, mas sim o que há lá dentro.

Andaram comparando A Origem com Matrix, e eu também acho que tem a ver. Ambos falam de projeções, representação, realidades. Mas A Origem leva um pouco de vantagem por não se preocupar em fundamentar a própria fantasia com conceitos filosóficos nem referências à cibercultura, o que já lhe livra de maiores pretensões além da do puro entretenimento. A principal matéria-prima de A Origem são sonhos, e neles não há regras nem leis 100% aplicáveis, H2O pode muito bem ser ácido sulfúrico, e dois mais dois pode ser cinco. Em Matrix também poderia, mas havia uma fronteira bem clara entre a realidade e a ilusão, enquanto que A Origem está sempre transitando entre o real e o imaginário, entre o aparente e o oculto, e nós logo de cara compramos a idéia de que tudo que vemos pode não ser o que parece.

Nolan brinca a todo instante de nos ludibriar, mas isso faz parte da essência do seu filme.
Nele, o engano não serve de artimanha pra desviar o foco de um roteiro fraco e de um argumento furado: ele faz parte do caráter do filme, e se manifesta de forma natural, atingindo os personagens lá na realidade deles e nós, espectadores. Longe de qualquer papo de revolução no cinema, de mudança de paradigmas, A Origem consegue ser exatamente aquilo que quer: um filme inteligente, bem feito, que vai se instalar nas cabeças de quem assistiu e lá ficar por um bom tempo.

4 comentários:

caso.me.esqueçam disse...

pois entao! gostei, viu! tava cheia de preconceito, porque o trailer me lembrou matrix e eu pensei "pronto, mais um filme querendo lançar moda, querendo ser original". mas quando as cenas do trailer começaram a fazer sentido no momento do filme, eu me surpreendi! as cenas de luta sao otimas! tudo bem que eu tive aquele probleminha pra entender quem acordou aonde e porque, mas ja passou :D

.ailton. disse...

eu tenho q ver, li sobre ele e gostei das críticas. gosto tbm do diretor. geralmente esses filmes que se utilizam de conceitos filosóficos nos roteiros decepcionam (como a ilha). matrix é muito bom, vale dizer. mas só o 1.

mas minha dúvida é: a origem é um filme pra ser visto no cinema ou faria o mesmo efeito se visto em casa?

Juliana Dacoregio disse...

Eu gostei muito. Surpreendente, não é mastigadinho, cenas incríveis, com roteiro bem embasado. E não creio que seja um pseudo-cult, alíás esse negócio de "pseudo" é tão relativo né? Mas que vai entrar pra galeria dos filmes nerds, isso vai! Com citações que só quem assistiu entende, como o "there`s no spoon" do Matrix e o "don`t forget your towell" do Guia do Mochileiro.
Filmão!

Bruno disse...

esse 'follow me' ta pouco macho

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