sábado, 28 de novembro de 2009

Caninos de leite

Não deu pra esquivar: quando vimos o anúncio de que Crepúsculo estrearia no Telecine Pipoca, anotamos a hora e ficamos no aguardo, atentos a programação. Finalmente saberíamos do que o grande fenômeno mundial era (ou não era) capaz. Eu tinha que assistir isso.

De cara, fica claro que Crepúsculo é da mesma lavra de High School Music, e da série Smallville. Só que invés do musical a la Grease: Nos tempos da brilhantina e dos assuntos Arquivo X, entram os contos de Anne Rice e os seus vampiros. Tendo como cenário aquele manjadíssimo ambiente de escola americana, com seus armários, bailes e refeitórios, Crepúsculo reedita Romeu e Julieta, onde o grande entrave está na natureza vampiresca do rapaz apaixonado. Mordê-la ou não mordê-la? Eis a questão.

Assim como High School, Crepúsculo é uma história sobre tesão reprimido, um platonismo presencial. Se antigamente a musa ou o pretendente eram seres distantes e inalcançáveis, agora ele convive com você, não só sabe que você existe como para todos os efeitos é seu amigo. Mas essa tendência "comportamental" não é de hoje. Na já citada série Smallville, o jovem Superman está há cinco temporadas sem concretizar um romance com Lana Lang, mesmo ambos se mostrando totalmente disponíveis e atraídos um pelo outro. Vai ver é isso o que os pais americanos querem para os seus filhos, os jovens que consomem essas séries e filmes: namoros puros e castos, sem beijo nem malícia.

Na verdade, ele dissera "foge comigo". Foge. Com G.

Mas voltando a Crepúsculo, ele acerta em cheio na garotada por ser mais um dos tantos produtos feitos sob medida. Junte aquele papo de “laço de sangue”, com um “vampiro sedutor”, narração “querido diário”, efeitos tipo X-Men e referências ao Google (qualquer um vira doutor com uns cliques) e você tem um campeão de bilheteria nas mãos. Não que o filme não tenha coisas boas, o tratamento das imagens que deixa todo mundo meio “sem sangue” é bem interessante, algumas atuações (dos vilões) também se salvam, toca até Radiohead nos créditos finais (\o/), mas fica nisso. Pra quem tem 15 anos, está tudo lindo, e é isso o que importa. Um dia eu achei Legião Urbana a coisa mais perfeita do mundo. Coisas da idade.

8 comentários:

.ailton. disse...

Concordo totalmente contigo, Luis. Baixei o filme da net e, depois de vê-lo, percebi que não valeu a eletricidade que gastei deixando o PC ligado pra baixar essa porcaria.


"Um dia eu achei Legião Urbana a coisa mais perfeita do mundo. Coisas da idade."
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Bruno disse...

se bobear é melhor q Juno

.ailton. disse...

rapaz, eu gostei de Juno.

::: Luís Venceslau disse...

Em Juno, oq falta de produção, sobra em roteiro. Crepúsculo é o contrário.

Mythus disse...

Realmente parece um romance num eterno chove-não-molha, mas acho que não tem muito a ver com Romeu e Julieta. A família da "Julieta" tem muito pouca influência na relação. A crise toda fica por conta do "Romeu". Aliás, aqui já existe uma inversão de papéis onde a mulher se atira e o homem é que busca "ser casto". Já na questão de vampiros, não tem absolutamente nada a ver com Anne Rice e seus vampiros bissexuais. A única semelhança é que os protagonistas são definidos como vampiros - os da série crepúsculo podiam muito bem ser chamados por Charles Xavier para engrossar o time dos X-men; já os de Anne Rice, esses, não conseguiriam ser nem coadjuvantes nessas referências de tv.

Os vampiros estão em alta e nenhum tem o perfil de Drácula. Ainda existe "Vampire Diaries" numa TV por assinatura e uma outra série de livros que vi no Submarino também sobre o tema (Traída e Marcada são os dois primeiros livros traduzidos aqui no Brasil, mas já vai no 5º nos EUA). De carona, Anne Rice volta às prateleiras.

::: Luís Venceslau disse...

Realmente, não tem nada a ver com Anne Rice. Semelhante só a denominação e o referencial, ainda q distante, superficial e distorcido, do universo vampirico. A abordagem é totalmente diferente. Só isso daria um artigo científico.

luci disse...

luis, eu sei que eu te babo. e acho que tu eh foda escrevendo, compondo e desenhando, mas...

que critica fantastica!

foi a melhor que eu ja vi! tu devia investir mais nisso! tipo, tem um blog de uma feminista que eu adoro que eh cinefila. mas eu nunca meio as criticas dela porque ela conta a porra do filme inteiro! que raiva! ou entao tem aquelas criticas que sao tao superficiais que fazem voce nao ter nenhuma vontade de ver o filme. mas essa foi na medida: contou o que todo mundo ja sabia (que a menina quer dar e o vampiro tah com meda - ou pelo menos eh isso que eu sei) e CRITICOU, deixou tuas impressoes, sem matar o filme. massa!

espero realmente que tu faça das criticas de filme algo regular aqui ;)

luci disse...

velho, eu detestei juno, sinceramente. vi o filme todo tendo ansia de vomito com aquele roteiro em que a pirralha de 15 anos de idade (16, 17, sei la) eh super sarcastica e parece ser a pessoa mais despreocupada do mundo levando um pirrai no bucho, pff...

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