Talvez semelhante ao ódio de Saturno, ao devorar os filhos que tanto temia, ou ao de Lilith, quando abandonou Adão e partiu do Éden, foi o da cigana Josefa quando João lhe falou da decisão de ir para a Serra do Cambaio sentar praça na guerra que se alardeava. Foi assim que Derda, como lhe chamavam, contrariou o espírito da sua gente pela segunda vez: chorou, de ódio e por amor, e teve vergonha do tapa na cara que sua mãe certamente lhe daria.
Depois de conhecer as alturas geladas de Bariloche, foi no calor das caatingas que Derda conheceu um outro calor, ainda mais forte, que lhe tomou o coração e lhe revirou o juízo, mudando o seu destino para sempre. Nesse momento, foi contra a índole do seu povo pela primeira vez: largou a tenda e sentou morada, tudo por este mesmo João, que agora diz assim que vai embora, como se não se lembrasse de tudo o que vivera até aqui.
Seus primos e irmãos também tiveram que abandonar a única forma de viver que conheciam. Para não terem que ficar sem a sua mãe e líder, pagaram o preço de uma paixão que não era deles, e aceitaram um lar de alvenaria que nunca precisaram. Fingindo não ver o desgosto dos parentes, Derda vivia crivada por uma dor, que era também a dor deles, ao irem contra os seus instintos de nômade, tão naturais quanto o curso de um rio ou o feitio das montanhas.
Para Derda, não poderia haver uma dor maior do que aquela, era algo inconcebível. Em sua janela, chamando quem passasse para uma leitura de mão, Derda pensava se João já havia sido ferido na guerra, e compreendia que nesse mundo cabe mais dor do que se imagina.
Depois de conhecer as alturas geladas de Bariloche, foi no calor das caatingas que Derda conheceu um outro calor, ainda mais forte, que lhe tomou o coração e lhe revirou o juízo, mudando o seu destino para sempre. Nesse momento, foi contra a índole do seu povo pela primeira vez: largou a tenda e sentou morada, tudo por este mesmo João, que agora diz assim que vai embora, como se não se lembrasse de tudo o que vivera até aqui.
Seus primos e irmãos também tiveram que abandonar a única forma de viver que conheciam. Para não terem que ficar sem a sua mãe e líder, pagaram o preço de uma paixão que não era deles, e aceitaram um lar de alvenaria que nunca precisaram. Fingindo não ver o desgosto dos parentes, Derda vivia crivada por uma dor, que era também a dor deles, ao irem contra os seus instintos de nômade, tão naturais quanto o curso de um rio ou o feitio das montanhas.
Para Derda, não poderia haver uma dor maior do que aquela, era algo inconcebível. Em sua janela, chamando quem passasse para uma leitura de mão, Derda pensava se João já havia sido ferido na guerra, e compreendia que nesse mundo cabe mais dor do que se imagina.
6 comentários:
é facil entender que felicidade tem fim. que tristeza não. mas se um cara decidisse me abandonar assim, seria eu a apontar a primeira arma pra ele. fela!
gostei da inclusão da foto...
O comentário de Luci é impagável.
Derda, sua trouxa, vai perambular e pede pra ele avisar quando/se voltar.
novamente uma introdução do cacete. mas tive dificuldades para entender se Derda era Josefa ou o marido desta.
Não sei se faltou uma pitada da função referencial, como um aposto com o apelido após o nome, ou eu é que tô muito acostumado com texto policial. eheh
nao faltou nada; sobrou leseira sua
Derda não libera nunca mais!!!
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