"...Like a Clockwork"
Queens of the Stone Age
2013
Queens of the Stone Age
2013
Dia desses eu vi uma frase de Dinho Ouro Preto que falava
assim: “Falta uma banda que una todas as tribos. Como foi o Nirvana”
Não que Dinho Ouro Preto seja lá um pensador, uma
referência, mas o cara vem de uma geração bem anterior, viu o Punk e veio
acompanhando as coisas de um ponto de vista bastante privilegiado: de dentro da
“máquina”. Vá lá que não valha pela reflexão, mas experiência também conta, e o
que ele disse até que fez algum sentido, sim. O Nirvana conseguiu unir pólos muito
distantes, congregou fatias generosas da juventude num nível global, atraiu
desde o pessoal do underground até os públicos do mainstream mais superficial. Mulheres, rapazes, garotas, tiozinhos,
todo mundo pirou no que o Nirvana trazia para um cenário mortificado que era
aquele do início dos anos 90.
Olhando para hoje, quem é que tem essa capacidade de
juntar gente de gerações diferentes, de “tribos” diferentes, de regiões e
orientações distintas? Os Strokes conseguiram, mas por pouco tempo. Era preciso
mais continuidade, mais pujança, mais identificação com o chamado público de
rock. Trazendo pra hoje, uma das poucas, se não a única banda, capaz de atrair
um número maior de adeptos das mais variadas vertentes roqueiras é o Queens of
the Stone Age. E vou além: o Queens é a grande banda de rock da atualidade.
Digo isso porque boa parte das bandas indie (Arcade Fire, Arctic Monkeys, Franz
Ferdinand, Strokes) estão acabando por se afundar mais e mais nesse nicho
indie, abraçando o som de boate, os beats eletrônicos, como se este fosse o
melhor dos caminhos criativos.
Já o Queens consegue se manter dentro do espectro do rock
sem descambar para a plasticidade dos citados acima. Enquanto boa parte das bandas parece convergir para uma sonoridade meio Daft Punk, o Queens se coloca como um contraponto a isso, um refúgio para quem não tá tão interessado em danças nem em FMs. Donos de uma
personalidade indiscutível, de timbres bastante particulares, o Queens segue
conquistando desde o moleque que está aprendendo a tocar agora, até o pessoal
que cresceu com o Grunge, e gente do metal. O último disco (...Like a Clockwork, 2013)
foi a prova disso.
No passado a banda chegou a ter grandes êxitos comerciais, aí mudou
formação,
andaram baleiando, mas em 2013 eles se aprumaram e o retorno foi
magistral.
Deram uma puxada no freio, mas não na criatividade. Abriram mais espaço
para as vozes, investiram mais em
ambiências, e fizeram um disco quase irretocável, que vai direto no
ponto, sem rodeios, sem frescura. É um trabalho sombrio e ao mesmo tempo
sexy, e mais denso do que pesado. Por essas e outras é que eu não tenho nenhum medo de
afirmar: a maior
banda do mundo hoje é o Queens of the Stone Age.