Band On The Run, como o título já sugere, era o Paul fazendo parte
de uma banda, novamente. Após integrar a maior banda de todos os tempos, e
praticamente criar o lo-fi gravando discos sozinho, o próximo passo do eterno
beatle foi não ser acompanhado por uma banda, de uma forma quase impessoal, mas
sim em ser parte de um grupo coeso, o mais homogêneo possível. Isso não o livrou de dar de cara com um horizonte árido nos anos 70, onde as pressões eram
imensas: se de um lado havia a expectativa por sucessos pelo menos tão grandes
como o que os Beatles lograram, McCartney agora tinha que lutar para se firmar como
um artista de rock, ao invés de um cantor pop juvenil.
Por mais que não fosse visto da
mesma forma que um Marc Bolan ou um Iggy Pop, a predestinação de Paul para o
sucesso acabaria levando seus discos pro topo, e com Band On The Run não deu outra. Contando com a mão pesada dos caras
do Wings, o disco mostra já
na música título que Paul não estava para brincadeira. Os refrões estão lá, mas
não havia a repetição de fórmulas nem a busca pelo caminho mais fácil: era
quase uma desconstrução do que se esperava de um artista que havia praticamente
criado o dogma da música pop, anos antes, mas que, paradoxalmente, continuava
sendo pop. Mudanças de andamento, sintetizadores, vinhetas, peças acústicas e
uma sonoridade bem particular marcam este disco que é um dos maiores momentos
não só da carreira solo de Paul, mas de todos os anos 70.
Band On The Run faz referência à prisões e perseguições que certos
artistas, como os Stones, Byrds, vinham sofrendo já havia algum tempo, e a capa
retrata o flagrante de uma fuga de uma penitenciária. Assim como os outros beatles
fizeram na época, Band On The Run é
também o Paul fugindo de si mesmo, do que tinha sido, e da imagem que havia
(se) criado. De fato, não se tratava mesmo de um disco dos Beatles: era um novo
capítulo de uma trajetória de um personagem que conhecemos muito bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário