Cantora: Norah Jones
Disco: Little Broken Hearts
Lançamento: 2012
Numa entrevista recente, o baterista Matt Helders
do Arctic Monkeys soltou essa: "Para
nós, parece ser óbvio fazer algo diferente quando fazemos um novo álbum. Sei
que muitas bandas podem continuar fazendo o mesmo som para sempre, podem ter
uma carreira só fazendo isso". E disse mais: "Obviamente muitos fazem isso e funciona. Só que não acho que
iríamos querer fazer isso. Não poderíamos fazer um disco como o nosso primeiro
novamente, soaria um pouco falso".
De fato, isso tudo parece bem óbvio. Pena que é
algo tão pouco compartilhado por aqueles que fazem arte hoje em dia,
especialmente aqueles músicos que conseguem atingir o chamado “mainstream”.
Talvez por falta de talento, de personalidade, por incompetência mesmo, ou
influências mercadológicas, ultimamente tem sido cada vez mais raro vermos
alguém se arriscar. Aí surge o bordão: “mas time que tá ganhando não se mexe”. Compreende-se.
Mas é também por essa lógica (até um tanto tacanha), de investir na “segurança
dos negócios” que vemos um cenário tão desinteressante, estagnado, enfadonho. E até o rock parece ter entrado nessa. Logo ele, que era vanguarda por excelência, que atraia as principais atenções, que
era a locomotiva do pop, o "motor das revoluções", o gerador de polêmicas, virou hoje um gueto, um vagãozinho
tímido lá atrás, numa época em
que Adele, Beyoncé, Bieber e Lady Gaga conduzem o espetáculo.
Mas neste mesmo mundo em que falta testosterona, e quase
não se vê coragem para segurar a onda de uma mudança de rumos (com tudo de bom
e de ruim que ela possa ter), coube a uma garota de voz docinha mostrar como
ainda é possível se reinventar se respeitando, respeitando o ofício e o
público. O que Norah Jones fez em seu disco mais recente (Litte Broken Hearts, 2012) é pouco se comparado ao que David Bowie
passou os anos 70 fazendo, ou ao que os Beatles fizeram ao trocar o trono do
pop pelo experimentalismo que pipocava no underground. Mesmo assim, Norah
mostrou que não estava tão acomodada assim naquele nicho pop-jazzistico que lhe
deu alguma notoriedade.
Jovem demais para concorrer com Diana Krall, e cult
demais pra ficar no mesmo saco de Adele, Norah pra mim sempre pareceu meio
deslocada fazendo papel de diva. Agora, a moça parte para um ambiente mais
arejado, mais solto, sem a preocupação em seguir cânones sofisticados nem em exibir
sua perícia vocal. Isso não significa que a voz não esteja impecável, como
sempre, a diferença é que a embalagem, o “clima”, as texturas, fogem dos
timbres banais do “piano bar” e ganham uma cara própria, bem particular (a parceria com o produtor Danger Mouse pode ter sido decisiva pra isso). Enfim, se vai
tocar na novela ou na Mix é difícil saber, mas me arrisco a dizer - sem nenhum medo - que já é uma
das melhores coisas que aconteceram nesse 2012.