Retomando um costume quase perdido, fui ao cinema no fim de semana. A última vez que eu tinha ido não tinha sido das melhores: a perda de tempo e de dinheiro atendia por “Spirit”, cuja presença de Frank Miller nos créditos me faz esperar algo próximo a “Sin City”. Ledo engano.
Mas nesse fim-de-semana eu fui ver “A Verdade Nua e Crua”, um exemplar de um gênero que parece ganhar força a cada dia: a comédia romântica escato-sexual. Esqueça Julia Roberts ou Meg Ryan. “A Verdade Nua e Crua” é de uma geração de filmes que parece gozar (sem trocadilho) de uma maior liberdade ao tratar da relação entre sexo e amor. Essa liberdade só era até então desfrutada pelas comédias teens (tipo American Pie) e agora parece que a coisa chegou aos filmes voltados para quem já beira os 30. Em muitos momentos o apelo ao palavreado chulo soa ridículo. Na tela todos parecem um bando de garotos de 13 anos que não conseguem parar de repetir porrabucetacarai a todo instante.
Mas o filme não é só isso. Tem coisa bem pior. Do início ao fim vemos um espetáculo de clichês pra ninguém botar defeito. Parece ser uma estratégia atual: o filme com spoiler embutido. De cara você já sabe exatamente tudo o que vai acontecer sem ter se preocupar com reviravoltas, mistérios ou expectativas. E os personagens não fogem muito disso, nenhum possui um caráter mais complexo em que um traço oculto se revela naquele momento bombástico da trama. De um lado, temos a jovem executiva, bonita, bem-sucedida, workaholic, neurótica, controladora, e solitária. Detalhe: ela cria um gato. Afinal, mulheres solitárias têm que ter gatos, nunca uma iguana ou, quem sabe, um cachorro. No outro polo, temos o fanfarrão desbocado que perdeu a fé nos relacionamentos graças a traumas passados, mas que não é totalmente escroto e amoral porque ajuda a cuidar carinhosamente de um sobrinho. No filme, os dois acabam tendo que conviver e acabam se envolvendo em algumas situações "cômicas". Alguém arrisca um palpite sobre o final?
Se esse tipo de cinema não te interessa, se tudo o que você procura vai na contra-mão disso aí, saiba que você está num bom caminho. De acordo com o que saiu no blog de Ricardo Lombardi, “romances ou filmes surreais (lembre-se de Kafka e de David Lynch) podem melhorar a nossa capacidade de aprendizagem. A exposição ao surrealismo aumenta os mecanismos cognitivos que supervisionam funções de aprendizagem implícita.” Ou seja, filmes como o que eu vi, focados em sensações frívolas, que buscam a acomodação do espectador, no fim das contas, nos deixam mais burros.
Quem quiser ler mais sobre, segue o link.
Mas nesse fim-de-semana eu fui ver “A Verdade Nua e Crua”, um exemplar de um gênero que parece ganhar força a cada dia: a comédia romântica escato-sexual. Esqueça Julia Roberts ou Meg Ryan. “A Verdade Nua e Crua” é de uma geração de filmes que parece gozar (sem trocadilho) de uma maior liberdade ao tratar da relação entre sexo e amor. Essa liberdade só era até então desfrutada pelas comédias teens (tipo American Pie) e agora parece que a coisa chegou aos filmes voltados para quem já beira os 30. Em muitos momentos o apelo ao palavreado chulo soa ridículo. Na tela todos parecem um bando de garotos de 13 anos que não conseguem parar de repetir porrabucetacarai a todo instante.
Mas o filme não é só isso. Tem coisa bem pior. Do início ao fim vemos um espetáculo de clichês pra ninguém botar defeito. Parece ser uma estratégia atual: o filme com spoiler embutido. De cara você já sabe exatamente tudo o que vai acontecer sem ter se preocupar com reviravoltas, mistérios ou expectativas. E os personagens não fogem muito disso, nenhum possui um caráter mais complexo em que um traço oculto se revela naquele momento bombástico da trama. De um lado, temos a jovem executiva, bonita, bem-sucedida, workaholic, neurótica, controladora, e solitária. Detalhe: ela cria um gato. Afinal, mulheres solitárias têm que ter gatos, nunca uma iguana ou, quem sabe, um cachorro. No outro polo, temos o fanfarrão desbocado que perdeu a fé nos relacionamentos graças a traumas passados, mas que não é totalmente escroto e amoral porque ajuda a cuidar carinhosamente de um sobrinho. No filme, os dois acabam tendo que conviver e acabam se envolvendo em algumas situações "cômicas". Alguém arrisca um palpite sobre o final?
Se esse tipo de cinema não te interessa, se tudo o que você procura vai na contra-mão disso aí, saiba que você está num bom caminho. De acordo com o que saiu no blog de Ricardo Lombardi, “romances ou filmes surreais (lembre-se de Kafka e de David Lynch) podem melhorar a nossa capacidade de aprendizagem. A exposição ao surrealismo aumenta os mecanismos cognitivos que supervisionam funções de aprendizagem implícita.” Ou seja, filmes como o que eu vi, focados em sensações frívolas, que buscam a acomodação do espectador, no fim das contas, nos deixam mais burros.
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