Antes de entrar no ônibus, Camila se deteve para olhar ainda mais uma vez para Ricardo. Era um típico olhar de adeus, maciço, profundo e silente, que durou a infinidade de uns poucos segundos. Tudo só aconteceu graças àquele encontro universitário, e agora, estavam para sempre condenados a levarem o peso da lembrança daqueles três dias fugazes. Já na ansiedade da chegada, os dois se bateram enquanto cada um ia para o seu dormitório. Na manhã seguinte, na saída de um auditório, se viram novamente, meio de longe, e o sorriso mútuo foi inevitável. À noite, acabaram ficando próximos durante o show de forró que acontecia depois do dia de palestras. Sem disfarçar, ela começou a rir do jeito que ele se balançava, e assim abriu espaço para a abordagem.
“Você sabe dançar isso?”, ele abriu os braços, e ela se aproximou dizendo que ele estava quase lá. Ela tinha morado uns anos no Ceará, e aquele ritmo não lhe era totalmente estranho. No fim, riram mais que dançaram, e daí não se desgrudaram mais. Parecia que aqueles dois dias não passariam nunca, e eles não teriam mais que voltar para as suas vidas onde a ausência do outro seria, agora, quase intolerável.