terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Review-reverso: a estréia do Gauche


DA ESQ. PRA DIR.: Ton (baixo), Fábio (guitarra-base e backs), Bruno (vocal e teclados), Paulo (bateria) e Luís (guitarra-solo).

Começamos a tocar por volta da meia-noite, após uma banda chamada Esquina 200. Esta banda é composta por uns moleques novos, que apesar do visual "emo-core-doiderinha" são até gente fina. Fizeram seu show, também estréia, com um certo nervosismo, como me confidenciou um deles antes. Comparando a mim, que entrara no Gauche havia uma semana, eles não tinham porque ter tanto medo.

E eu não estava com um pingo. Estava até com um pouco de sono, de tão relaxado. Tínhamos ensaiado alucinadamente durante a semana anterior, as bandas (ou a banda) que tocaria conosco não era algo que pudesse nos humilhar de tão boa, tocamos com retorno (uma caixa que fica a sua frente para que você possa se ouvir e saber o que está fazendo), enfim, motivos para grandes preocupações não havia. Tudo pronto, então começamos. Não havia tanta gente assim no ginásio do Cefet, onde ocorria o EREA (Encontro Regional dos Estudantes de Arquitetura). Colocaram algumas mesinhas no meio da quadra, fizeram algumas rodinhas de conversas, bebiam, o clima era de bar com música ao vivo, ninguém prestando atenção às apresentações com tanto rigor.

O público esparso se devia mais ao fato do evento e das apresentações das bandas serem restritas aos participantes do encontro. Sem falar que ainda estava chegando gente e que algumas pessoas preferiram dormir após o dia de palestras e oficinas. Mas algo que me chateou de verdade ainda antes de subir ao palco foi a presença do tal do gelo seco. Se assistir show com essa fumaça dos infernos incomoda, estar lá em cima entre aquela névoa adocicada é terrível. Buscando um efeito mais bonito, o responsável pela fumaça às vezes exagerava, e eu não via era mais nada, nem guitarra, nem minhas mãos, nem o set-list, nada, uma momentânea cegueira branca digna de Saramago. E o chato é que não fica só no visual, a coisa vai direto nas mucosas nasais, irrita os olhos, e deixa a boca bastante seca. Também havia refletores, que dadas as parcas dimensões do palco, ficavam bem na nossa cara. Para completar, o teto do ginásio é de alumínio, e àquela hora ainda refletia reverberações do calor da tarde. Enfim, como diria o Roberto, "é uma brasa, mora"?

Agora entendo quando os grandes astros da música pedem, entre seus pedidos excêntricos, centenas de toalhas brancas. Se o suor é uma constante na platéia, em cima do palco não é diferente. No nosso caso, tivemos que nos arranjar com a própria camisa, os braços, e fomos em frente. Lá pela metade do show houve um momento em que uma moça chegou na beira do palco e me entregou um papelzinho. Confesso que me animei com a possibilidade daquilo ser um bilhetinho dirigido a mim, mas não era. Apenas dizia com uma letra singela que tocávamos bem, mas que se tocássemos alguma música "conhecida" eles ficariam muito agradecidos. Infelizmente não tínhamos nada ensaiado nesse sentido e não tivemos como tocar um cover. Eu ainda arrisquei o riff de "Satisfaction" dos Stones, mas foi só para fazer uma gracinha mesmo.

E terminamos o show. Logo que deixamos o palco (que parecia um andaime, feito de tábuas numa armação metálica) atinei para duas coisas: antes de nós deveria ter tocado uma outra banda além do Esquina 200, mas como eles não apareceram, ficou no ar aquele "gostinho de quero mais", a sensação de que estava cedo demais para a noite "terminar". Segunda coisa: foi justo com a última das três bandas que entrei em 2005 que estreei num palco... Em suma, mesmo com todas as falhas técnicas, um cabo que dá defeito, ou uns errinhos básicos, a coisa andou, e houve elogios que pareceram sinceros. Apesar de não ter sido um show, show mesmo, com bilheteria, platéia exigente e cachê no final, deu para sentir um pouco do gosto dessa matéria de que é feita o Rock, que é o contato, a interação, o encontro. Tudo isso com bastante suor no meio, é claro.

***Quem quiser saber mais sobre o Gauche, ouvir músicas, ler release, e ver fotos, é só entrar aqui.

7 comentários:

Luís Venceslau disse...

Pia mermo! Parabéns, Lu! Estarei no próximo, viu? =o***

PauLa

Luís Venceslau disse...

filadaputadoscachorrodoido! Tu nem avisou, porra. Eu queria ter visto, caralho.

ailton

Luís Venceslau disse...

bom relato, cara. sucesso pra banda e melhor sorte nos proximos bilhetinhos..

Bruno

Luís Venceslau disse...

concordando com Paula: parabéns Lu! concordando com Ailton: eu queria ter ido! concordando com Bruno: ótima reflexão pós-show e sucesso e sorte, em tudo! bjins querido!

Gio

Luís Venceslau disse...

É, tocar com retorno na estréia é privilégios pra poucos! =) Boa sorte aí, Luís!

Lala

Luís Venceslau disse...

Luís é um herói!

Breno | Homepage

Luís Venceslau disse...

Mas subir num palco para tocar é muito bom mesmo. Eu nunca fiquei muito nervoso, mas a dose de adrenalina era suficiente para umas três voltas olímpicas, correndo, sem cansar.

Andrei | Homepage

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